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    Preço de importados cresce 33% no 1º trimestre e ameaça inflação doméstica, diz FGV

    Volume das importações, no entanto, caiu 4,3% nos primeiros meses deste ano; já o das exportações cresceu 9,5%

    Iuri Corsinida CNN , no Rio de Janeiro

    O Indicador de Comércio Exterior (Icomex), relativo aos resultados da balança comercial do primeiro trimestre de 2022, apontou que a agropecuária liderou o desempenho das exportações brasileiras, enquanto a indústria extrativa alavancou as importações, tanto em relação aos valores como também em volume. No período, o aumento dos preços dos bens importados superou o dos itens exportados.

    Os dados, divulgados nesta terça-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), mostram que os preços médios das importações aumentaram 32,8% de janeiro a março deste ano, na comparação com o mesmo período de 2021.

    Segundo a economista Lia Valls, pesquisadora associada do FGV IBRE, a alta dos importados deve prejudicar o preço dos produtos vendidos no país e impactar diretamente na inflação.

    “Se no ano passado o volume importado estava aumentando, este ano foi observado um aumento do preço das importações, que superam os preços das exportações e, com isso, houve um baixo crescimento no volume dos produtos importados”, explica.

    O recuo no volume das importações na comparação entre os primeiros trimestres de 2022 e 2021 foi de 4,3%. Já as exportações cresceram 9,5%. Em relação ao valor, as exportações aumentaram 19,4% na comparação anual e as importações, 21,5%.

    Outro ponto destacado foi o espalhamento dos preços dos importados. Houve alta de 53,1% nas commodities e de 30,8% nas não commodities. Em termos de volume importado, as não commodities registraram queda de 5,7% e as commodities, aumento de 18,9%.

    Para Valls, esse cenário era esperado, uma vez que o aumento dos preços já estava acontecendo no país. Porém, a especialista diz que esse aumento no valor dos importados foi mais alto do que imaginava e cita possíveis razões para o movimento.

    “Estamos sob efeito dos choques externos no preço dos commodities, e isso não só no Brasil. Há ainda a desorganização das cadeias de produção que também afetam os preços e que ainda não foram reorganizados, além do recente fechamento da China por conta da Covid-19. Ou seja, temos um cenário muito incerto, principalmente em relação ao efeito da guerra na Ucrânia, pois não sabemos por quanto tempo ela vai durar”, comentou.

    A economista fez uma análise para o médio prazo e, na visão dela, esse choque externo não deve acabar tão cedo. Valls avalia que os preços não continuarão aumentando, mas se manterão por algum tempo em patamares ainda bastante elevados.