Possibilidade de gás barato no pré-sal atrai investimentos de gigantes
Shell e Pátria Investimentos estão entre empresas com projetos na bacia; hoje, Petrobras alinha os preços dos produtos às cotações internacionais
Três investidores apostam no gás natural do pré-sal para gerar energia elétrica térmica a preço compatível com o das hidrelétricas. E são dos grandes: a empresa petrolífera Shell, a fabricante de equipamentos Mitsubishi Hitachi Power Systems Americas (MHPS) e a gestora Pátria Investimentos, operadora da usina térmica Marlim Azul.
Nesse projeto de R$ 2,5 bilhões, em construção no município de Macaé, no norte fluminense, o “pulo do gato” está no preço do gás, utilizado como insumo, disseram os investidores.
Com operação prevista para o início de 2023, a usina será a primeira pensada para agregar valor ao gás do pré-sal. A Shell vai fornecer a matéria-prima, extraída por ela própria da Bacia de Santos, a um valor mais competitivo, porque não será atrelado ao dólar e a cotações internacionais, como fazem concorrentes.
A Petrobras, por exemplo, alinha o preço de seu gás ao do preço de importação. Na prática, seus clientes compram o produto brasileiro a preço do importado.
“Baixamos o preço (do megawatt-hora, MWh) e vamos ser chamados sempre. Nossa energia é mais barata do que a de hidrelétricas, e a previsão é despachar mais de 80% (da capacidade)”, disse Bruno Chevalier, presidente da Marlim Azul.
Quando pronta, a usina terá capacidade para gerar 565 megawatt (MW), o suficiente para abastecer uma cidade de 2,5 milhões de habitantes. Metade da construção foi concluída, e os principais equipamentos já estão no Brasil.
Uma nova unidade pode ser instalada no mesmo terreno. Mas, para isso, o projeto deve ser contratado em novo leilão, o que dificilmente vai acontecer ainda neste ano.
Marlim Azul, assim como outras térmicas planejadas para Macaé, surgiu do empresário Hugo Crespo, do Grupo Vale Azul. A estratégia do GVA é desenvolver projetos de infraestrutura que superam sua capacidade de investimento.
Assim, ele se associa a parceiros de grande porte e, quando o projeto está maduro e na fase de decisão de investimento, o grupo vende sua participação. O GVA começou a desenvolver térmicas e licenciá-las em 2008.
Além das térmicas do GVA e de Marlim Azul, o Estado do Rio de Janeiro já licenciou usinas da EDF, Eneva, MHPS e GPE.