Portos do Brasil registram movimentação e faturamento recordes em 2021
Commodities, cargas de contêineres e taxa de câmbio impulsionaram a receita dos terminais
Os portos de Santos, Suape e os do Rio de Janeiro bateram recorde de movimentação e faturamento no ano de 2021. De acordo com as companhias que administram os terminais, os principais fatores para esse crescimento foram a taxa de câmbio e a alta da exportação de commodities.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), até outubro do ano passado, o setor já havia movimentado 1,010 bilhão de toneladas de cargas, um aumento de 5,5% em relação ao mesmo período de 2020.
O porto de Santos atingiu a marca de 147 milhões de toneladas em movimentação de cargas, um número 0,3% maior que o registrado em 2020. O que motivou o resultado, segundo a companhia, foram a movimentação de contêineres, soja e fertilizantes. Além disso, o número de importações cresceu 10,4%, somando 43,9 milhões de toneladas.
A Companhia Docas do Rio de Janeiro, responsável pela administração dos portos da capital, Itaguaí, Niterói e Angra dos Reis, registrou recorde histórico de faturamento, com a marca de R$ 1 bilhão, um crescimento em termos nominais de 62,1% em relação a 2020.
Segundo o diretor-presidente da Docas do Rio, Francisco Antônio de Magalhães Laranjeira, o resultado foi impulsionado tanto pela alta na movimentação de cargas, quanto pelas variáveis como a taxa de câmbio e o preço do minério de ferro no mercado internacional, que amplificaram as receitas da exportação deste produto.
O porto de Suape, em Pernambuco, registrou também um faturamento recorde, de mais de R$ 293 milhões, o que representa um aumento de 14% em relação a 2020. O terminal conseguiu aumentar a receita, mas não a movimentação. Isso porque a Refinaria Abreu e Lima, responsável por 30% da carga do porto, teve uma paralisação obrigatória por 60 dias, para manutenção das instalações.
O diretor de Gestão Portuária do terminal de Suape, Paulo Coimbra, explica que, com a falta dos granéis líquidos que vinham da refinaria, a parte administrativa buscou exportar e importar outros produtos que compensassem a perda de receita, como dos granéis sólidos.
“O trigo teve um crescimento anormal para esse período, de 12% em relação a 2020. Os contêineres também movimentaram o porto e tiveram um aumento de participação de 7%, mesmo com as tarifas um pouco altas aqui em Suape. O setor de metal mecânico também teve crescimento significativo, as chapas de aço, por exemplo, cresceram 25%.”, explica.
De acordo com o diretor de Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), José Ronaldo Junior, o crescimento significativo na importação de insumos produtivos e a retomada de produção da indústria foram os responsáveis pelo aumento nas movimentações nos terminais portuários.
“No ano de 2020 tivemos uma falta de contêineres por conta da pandemia, já que os portos fecharam e eles ficaram parados nos portos com produtos. Em 2021 continua falta de contêineres, mas menos, então o crescimento de um ano para outro pode ser explicado por isso. Dos commodities, a soja foi o principal destaque, porque teve aumento de produção e exportação, em termos nacionais, no ano passado.”, explica.
Além disso, o minério de ferro também teve um crescimento importante, principalmente em exportações. De acordo com a ANTAQ, o minério de ferro é a maior mercadoria em termos de carga do país, seguido pelo óleo bruto de derivados de petróleo, e em terceiro as cargas de contêineres.