População de baixa renda já é maioria entre usuários do Pix, aponta Banco Central
Neste grupo, recebimento de valores por meio do serviço aumentou 81% entre março e outubro
Dados disponibilizados pelo Banco Central à CNN mostram que o Pix teve boa adesão na população de baixa renda, após um ano de implementação. Ela é responsável por 41,7% dos usuários cadastrados.
Essa faixa engloba pessoas com renda mensal de até R$ 1,5 mil: um total de 46,7 milhões brasileiros, dos 112 milhões que utilizam o serviço. Esse grupo é responsável por 33,5% dos recebimentos e 36,9% dos pagamentos feitos.
Os dados foram estimados com base em informação de renda individual do Sistema de Informações de Crédito (SCR) do Banco Central, serviço que reúne informações da população que contrata empréstimos. As faixas de corte entre os grupos foram delimitadas a partir dos trabalhos feitos pelo consórcio acadêmico World Inequality Lab, que pesquisa a desigualdade social no planeta, e pelo Centro de Políticas Sociais da FGV.
A classe média, com renda entre RS 1,5 mil e R$ 5,2 mil, vem logo em seguida, representando 33,4% dos usuários. A faixa de renda alta, com a população que recebe entre R$ 5,2 mil e R$ 21 mil totaliza 7,5% dos usuários. A parcela de renda muito alta, que ganha mais de R$ 21 mil, representa 0,8%.
Entre a população de baixa renda, o número de recebimentos de Pix aumentou 81% entre março e outubro deste ano. Os pagamentos tiveram um aumento de 131% no mesmo período.
Praticidade, segurança e isenção de tarifas são os motivos apontados pelo economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que justificam a popularidade do serviço de transferência entre esse público.
“O PIX tem como principal atrativo principal a falta de custo da transferência. Imagina para uma família de baixa renda, o impacto de serviços financeiros no orçamento costuma ser maior do que para as famílias de renda mais alta”, ressalta Bentes.
Para o economista, as transferências via Pix também favorecem o governo com a redução do uso de papel moeda, o que considera um caminho natural.
“Isso é interessante, porque produzir, distribuir papel moeda é caro e, seguramente o dinheiro de papel está com os dias contados. Já responde por uma parcela muito menor das transações financeiras do que era há 10, 20 anos atrás. É uma tendência não só no Brasil, mas no mundo todo”, conclui o economista.
Um ano de Implementação
Depois de o Pix ter completado seu primeiro aniversário de implementação no último dia 16, as últimas estatísticas divulgadas pelo Banco Central mostram que as transações feitas pelo serviço superam as realizadas por boletos, TEDs, DOCs e cheques somados.
O Pix já tem mais de 348 milhões de chaves cadastradas. A maior parte delas, 121 milhões, definidas no modelo aleatório, considerado o mais seguro por não envolver compartilhamento de dados pessoais.
Neste primeiro ano já foram realizadas mais de 1,6 bilhão de transações, que movimentaram já movimentaram quase R$ 4 trilhões entre novembro de 2020 e outubro de 2021.