Pobreza na Ucrânia aumentou em 10 vezes desde início da guerra, diz Banco Mundial
Ataques da Rússia à infraestrutura civil em cidades ucranianas, longe das linhas de frente, têm complicado a situação econômica que o país enfrenta
Os ataques da Rússia à infraestrutura civil em cidades ucranianas, longe das linhas de frente, complicarão a terrível situação econômica que o país enfrenta, que já viu um aumento de dez vezes na pobreza este ano, disse um alto funcionário do Banco Mundial neste sábado (15).
Arup Banerji, diretor regional do Banco Mundial para o Leste Europeu, disse que a rápida restauração do poder da Ucrânia após os ataques russos em larga escala desta semana às instalações de energia refletiu a eficiência do sistema de guerra, mas a mudança de tática da Rússia aumentou os riscos.
“Se isso continuar, as perspectivas serão muito, muito mais difíceis”, disse ele à Reuters em entrevista.
“Quando o inverno realmente começar, em dezembro ou janeiro, e se as casas não forem reparadas, pode haver outra onda interna de migração, de pessoas deslocadas internamente.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse esta semana a doadores internacionais que a Ucrânia precisa de cerca de US$ 55 bilhões — US$ 38 bilhões para cobrir o déficit orçamentário estimado do próximo ano e outros US$ 17 bilhões para começar a reconstruir infraestrutura crítica, incluindo escolas, moradias e instalações de energia.
Autoridades ucranianas enfatizaram que precisam de assistência financeira contínua e previsível para manter o governo funcionando, ao mesmo tempo em que iniciam reparos críticos e reconstrução.
A resposta ao apelo de Zelenskiy — entregue durante as reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial — e muitas outras reuniões realizadas na semana passada foi encorajadora, disse Banerji à Reuters em entrevista.
“A maioria dos países indicou que apoiaria financeiramente a Ucrânia no próximo ano e, portanto, esse é um resultado muito positivo”, disse ele. Vinte e cinco por cento da população estaria vivendo na pobreza até o final do ano, contra pouco mais de 2% antes da guerra, disse ele, e o número pode chegar a 55% até o final do próximo ano.
A escolha unânime do ministro das Finanças ucraniano, Serhiy Marchenko, como o próximo presidente rotativo dos conselhos de governadores de ambas as instituições em 2023 também foi um testemunho de forte apoio contínuo ao país devastado pela guerra, disse Banerji.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse esta semana que os parceiros internacionais da Ucrânia já comprometeram US$ 35 bilhões em financiamento de doações e empréstimos para a Ucrânia em 2022, mas suas necessidades de financiamento permanecerão “muito grandes” em 2023.
A equipe do FMI se reunirá com as autoridades ucranianas em Viena na próxima semana para discutir os planos orçamentários da Ucrânia e um novo instrumento de monitoramento do FMI, que deve abrir caminho para um programa completo do FMI assim que as condições permitirem”, disse Georgieva.
Banerji disse que a Ucrânia já reduziu seus planos orçamentários ao mínimo, com fundos destinados a financiar salários e pensões, despesas militares e serviço da dívida interna.
O orçamento incluía apenas US$ 700 milhões para despesas de capital, uma pequena fração dos US$ 349 bilhões em custos de reconstrução recentemente estimados pelo Banco Mundial.
Se a Ucrânia não obtiver apoio suficiente, terá que imprimir mais dinheiro em um momento em que a inflação já está na faixa de 20 por cento ou cortar ainda mais os gastos sociais, disse ele.