Plano Safra 2020/21 terá financiamentos recordes de R$ 236,3 bilhões
Do total, R$ 179,38 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, e R$ 56,92 bilhões serão para investimentos em infraestrutura
O governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira um recorde de R$ 236,3 bilhões em recursos para financiamentos pelo Plano Safra 2020/21, alta de 6,1% em relação ao montante da temporada passada, enquanto os juros recuaram, conforme o Ministério da Agricultura.
Do total, R$ 179,38 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização (5,9% acima do valor da safra passada) e 56,92 bilhões serão para investimentos em infraestrutura (aumento de 6,6%).
Os pequenos produtores rurais terão 33 bilhões para financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com juros de 2,75% e 4% ao ano, para custeio e comercialização. Na temporada anterior, as taxas eram de 3% a 4,6% ao ano.
No Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), as taxas de juros são de 5% ao ano (custeio e comercialização), ante tarifas de 6% no último Plano Safra.
Para os grandes produtores, a taxa de juros será de 6% ao ano, ante 8% no ciclo anterior. Os financiamentos podem ser contratados de 1º de julho de 2020 a 30 de junho de 2021, informou a pasta.
Para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em meio a uma crise nunca vista, o esforço do governo do presidente Jair Bolsonaro em melhorar o plano é um reconhecimento de que o setor está pronto para contribuir economicamente com o país após a pandemia.
“A agropecuária brasileira será um dos principais motores da retomada econômica após a Covid-19, que impôs uma situação dramática, nunca vista, em esfera global”, afirmou a ministra durante o anúncio transmitido por plataformas digitais.
Decepção com juros
O presidente da Comissão Nacional de Política Agrícola da confederação brasileira do setor CNA, José Mário Schreiner, disse que a avaliação geral do Plano Safra 2020/21 foi “bem positiva”, considerando os aumentos no volume de recursos para crédito e seguro rural. No entanto, a redução dos juros deixou a desejar.
“A ministra da Agricultura fez o que pôde, mas os juros projetados pela CNA para o plano eram cerca de 1% menores porque ainda temos uma Selic muito baixa”, afirmou Schreiner nesta quarta-feira, dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por um novo corte na taxa básica de juros, de 0,75 ponto percentual, para 2,25% ao ano.
Contudo, ele reconheceu que os juros poderiam ser menores não fosse o spread aplicado pelos bancos.
Anteriormente, a ministra Tereza Cristina chegou a comentar em videoconferências que a pasta “brigava” com os bancos por recuo nos spreads. “O que queremos é tornar o crédito rural mais atraente e deixar as taxas mais compatíveis com a realidade do mercado”, ressaltou Schreiner.
Uma vez anunciadas as taxas de juros do Plano Safra neste patamar, o representante da CNA disse que os trabalhos pela redução dos spreads bancários continuam, porém visando safras futuras.
Questionado se as taxas do programa não poderiam ter sido menores, o secretário de Política Agrícola disse que, “mesmo com a queda da Selic, o plano safra continua oferecendo recursos muito bons”.
Ele ainda defendeu, em entrevista, que o crédito disponibilizado deve contribuir com uma boa safra de grãos, que começa a ser plantada a partir de setembro.
Seguro rural
Um dos principais pleitos da ministra da Agricultura junto ao governo, a subvenção ao Prêmio do Seguro Rural teve um acréscimo de 30% no valor, chegando a R$ 1,3 bilhão, o maior montante desde a criação do seguro rural no país.
O valor deve possibilitar a contratação de 298 mil apólices, num montante segurado da ordem de 52 bilhões de reais e cobertura de 21 milhões de hectares.
“Esse ano tivemos uma seca monumental, há 15 anos não acontecia uma seca destas no Rio Grande do Sul. Se não fosse o seguro rural que muitos produtores tomaram, a situação teria sido muito pior”, disse Tereza Cristina.
Ela destacou que, mesmo com a estiagem, o Brasil colherá um recorde na safra 2019/20 de grãos de 250,5 milhões de toneladas, volume 3,5% maior que o registrado na temporada de 2018/19.
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