Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Plano do governo de R$ 300 bilhões para indústria é passo certo para o desenvolvimento, vê Fiesp

    Medida foi anunciada nesta segunda para incentivar setor; mercado reage negativamente e dólar se aproxima de R$ 5

    Edifício-sede da Fiesp, na Avenida Paulista, em São Paulo
    Edifício-sede da Fiesp, na Avenida Paulista, em São Paulo Divulgação

    Reuters

    São Paulo

    A política industrial lançada pelo governo federal nesta segunda-feira (22) tem potencial de incentivar o desenvolvimento do setor assim como o Plano Safra tem impulsionado o agronegócio do país ao longo dos últimos anos, disse o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Igor Rocha.

    O governo anunciou mais cedo um plano de desenvolvimento para a indústria até 2033 e previu, entre os instrumentos para estimular o setor, R$ 300 bilhões em linhas de crédito, subsídios a empresas e exigências de conteúdo local nos produtos.

    “O grande mérito do plano que foi apresentado é colocar de forma muito clara a indústria da transformação como vela propulsora do desenvolvimento”, disse Rocha.

    O plano chega para tentar conter um movimento de queda da participação da indústria da transformação no Produto Interno Bruto (PIB), que já chegou a mais de 20% nas décadas de 1970 e 1980 e atualmente é de cerca de 13%, segundo dados de Rocha.

    “Olhando para essa experiência do Plano Safra no agro, o Plano Mais Produção tem condição de ser o Plano Safra da Indústria”, disse Rocha, citando o pilar da política que engloba mecanismos para o financiamento do setor industrial de forma contínua nos próximos três anos.

    “O Plano Safra não é uma medida apenas, são várias medidas que formam um ecossistema de ações. O Plano Mais Produção procura trazer uma isonomia com outros setores”, disse o economista. “Ninguém pode ser contra inovação, descarbonização e produtividade”, afirmou.

    Dos R$ 300 bilhões do Mais Produção até 2026, R$ 106 bilhões já foram anunciados em julho do ano passado, segundo afirmou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

    Questionado sobre temas recorrentes da indústria da transformação como proteção comercial e simplificação tributária, Rocha disse que a política industrial apresentada nesta segunda-feira trata de questões estruturais, mas precisa ter temas como regras de conteúdo local “construídas em sinergia com o setor privado” nos próximos meses.

    Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a proposta é um bom ponto de partida, mas precisará de muita determinação por parte do governo para ser implementada.

    “É um bom começo, muito bem elaborada e abrangente, mas precisa de muito foco para ser executada. O custo Brasil vai continuar sendo o maior impedimento para desenvolvermos uma indústria competitiva no Brasil”, disse José Ricardo Roriz Coelho.

    No mercado financeiro, o plano foi visto como um fator de risco para o equilíbrio fiscal, fazendo o dólar à vista subir mais de 1% ante o real nesta segunda-feira, em movimento sustentado ainda pela recuperação da divisa dos Estados Unidos no exterior durante a tarde.

    A percepção mais geral foi de que os R$ 300 bilhões anunciados — ainda que possam estar ligados a operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o que não necessariamente trará impacto fiscal — eleva o risco em relação às contas do governo.

    Em reação, o dólar se reaproximou dos R$ 5.

    “Há uma recomposição de posições defensivas”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, ao justificar a alta firme do dólar ante o real. “O programa pode trazer despesas para o governo e o mercado se ajusta, vai para a proteção do dólar.”