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    PIB tem leve queda de 0,1% no 2° trimestre e fica perto da estabilidade

    No ano passado, o PIB 4,1%, com recuo de 2,2% no primeiro trimestre e tombo de 9,2% no segundo

    Ligia Tuondo CNN Brasil Business , São Paulo

    O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro teve uma leve queda de 0,1% no segundo trimestre deste ano, na comparação com os últimos três meses de 2020, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (1º). Em relação ao mesmo período do ano passado, a alta foi de 12,4%.

    O resultado fica pouco abaixo da previsão do mercado, cuja mediana das expectativas apontava para alta de 0,2% na comparação trimestral e de 12,7%, na anual.

    O indicador é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e, em valor corrente, chegou a R$ 2,1 trilhões.

    O resultado vem após três positivos do indicador, após o baque na atividade sofrido pela pandemia de Covid-19, que limitou a circulação de pessoas nas ruas. Em 2020, o PIB caiu 4,1% na comparação anual — pior resultado da taxa histórica, iniciada em 1996 –, com recuo de 2,2% no primeiro trimestre e tombo de 9,2% no segundo.

    O IBGE destaca que, com a variação divulgada hoje, a economia brasileira mostra avanço de 6,4% no primeiro semestre. Nos últimos quatro trimestres, acumula alta de 1,8%, e na comparação com o segundo trimestre do ano passado, cresceu 12,4%. “O PIB continua no patamar do fim de 2019 ao início de 2020, período pré-pandemia, e ainda está 3,2% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014″.

    Agropecuária e indústria puxam para baixo

    Os resultados negativos registrados pelos setores de agropecuária (-2,8%) e indústria (-0,2%)  de abril a junho contribuíram para o desempenho da economia no período, destaca o IBGE.

    “A agropecuária ficou negativa porque a safra do café entrou no cálculo. Isso teve um peso importante no segundo trimestre. A safra do café está na bienalidade negativa, que resulta numa retração expressiva da produção”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, em nota explicativa.

    O desempenho da indústria foi influenciado, sobretudo pela queda de 2,2% nas indústrias de transformação. O setor sofreu — e ainda sofre — com efeitos da falta de insumos nas cadeias produtivas, com destaque para o segmento automotivo. “É uma atividade que não está conseguindo atender a demanda”, diz Rebeca.

    Vale ressaltar também o aumento no custo de produção de energia elétrica — por causa da crise hídrica e do consequente uso das termelétricas –, responsável por um recuo de 0,9% da atividade no segmento, que engloba atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos.

    Já na atividade de energia elétrica houve aumento no custo de produção por conta da crise hídrica que fez aumentar o uso das termelétricas”, acrescenta Rebeca.

    A especialista ressalta que essas quedas compensaram a alta de 5,3% nas indústrias extrativas e de 2,7% na construção.

    Serviços crescem

    Os serviços, responsáveis pela grande parte do PIB, avançaram 0,7% no intervalo. Nesse setor, quase todas as atividades tiveram resultado positivo: informação e comunicação (5,6%), outras atividades de serviços (2,1%), comércio (0,5%), atividades imobiliárias (0,4%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,3%) e transporte, armazenagem e correio (0,1%). Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,0%) ficou estável.

    “Quase todos os componentes dos serviços cresceram, com destaque para o comércio e transporte na taxa interanual, que foram as atividades mais afetadas pela pandemia e que estão se recuperando mais agora”, diz Rebeca.

    Consumo das famílias fica estável; investimentos caem

    Ainda impactado pela pandemia, o consumo das famílias não teve variação no segundo trimestre ante o período imediatamente anterior. O consumo do governo, por outro lado, teve alta de 0,7%. Já a Formação Bruta de Capital Fixo, que mede os investimentos produtivos no país, recuaram 3,6% no período.

    “Apesar dos programas de auxílio do governo, do aumento do crédito a pessoas físicas e da melhora no mercado de trabalho, a massa salarial real vem caindo, afetada negativamente pelo aumento da inflação. Os juros também começaram a subir. Isso impacta o consumo das famílias”, diz Rebeca.

    Exportações têm melhor resultado em 11 anos

    A balança comercial brasileira teve um impacto positivo no resultado do PIB, com alta de 9,4% nos embarques de bens e serviços. A alta é a maior desde o primeiro trimestre de 2010, destaca o IBGE, que cita a safra de soja, estimulada pelos preços favoráveis, como destaque.

    As importações, por outro lado, tiveram queda de 0,6% na comparação com o primeiro trimestre do ano.

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