PIB menos pior: veja o desempenho da economia do Brasil comparada ao mundo
Com queda de 9,7% no 2º tri, PIB do país ficou próximo da média global com ajuda do auxílio emergencial
A economia brasileira não está entre as que mais sofreram durante os piores momentos da pandemia de coronavírus no país e no mundo, ao mesmo tempo em que o Brasil está entre os que mais aportaram dinheiro em pacotes de ajuda contra os impactos da doença, considerado o tamanho do esforço em proporção de seu PIB.
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Os dados do segundo trimestre da economia brasileira foram divulgados nesta terça-feira e complementam o quadro dos impactos da pandemia na economia global, um retrato que começa a ficar mais claro conforme os países começam a consolidar e divulgar suas estatísticas para o período.
Os números do IBGE apontaram uma queda de 9,7% do PIB brasileiro na comparação com o primeiro trimestre. Isto coloca o Brasil bem próximo da média do desempenho global, mas em posição razoavelmente melhor que a de seus principais vizinhos latinos.
De acordo com levantamento feito pela agência de riscos Austin Ratings, que compilou o desempenho de 44 das principais economias que já divulgaram seus resultados até agora, a queda média para o período foi de 9,9%, considerada a variação do segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro.
A retração brasileira de 9,7% do PIB brasileiro é a mesma da Alemanha e da Tailândia no período. O resultado econômico do Brasil também é razoavelmente melhor quando comparado a alguns dos principais países da América Latina: o PIB do Chile caiu 13,2%, do México caiu 17,3% e, do Peru, 27,2% no segundo trimestre.
Pacote de ajuda expressivo
“O Brasil fez um pacote de medidas grande e foi um dos países que mais agiu no mundo”, disse o economista-chefe do banco BNP Paribas”, Gustavo Arruda. “Isso formou um colchão para proteger as pessoas mais frágeis e criou alavancas que protegeram a economia de uma queda maior.”
Dados compilados pelo FMI mostram que, em um grupo de 25 países emergentes, os pacotes de ajuda feitos pelo governo brasileiro foi o quinta maior, considerados os gastos realizados até junho: eles representaram 6,5% do PIB, contra menos de 1% no México e no Peru, os últimos da lista e justamente os que tiveram as piores quedas do segundo trimestre na América Latina.
O economista-chefe da Austin Ratings, Alex Agostini, menciona também o fato de que o Brasil já vem de um crescimento econômico baixo e repetidamente abaixo da média dos outros países nos anos anteriores. Na prática, significa que ele já vinha de níveis mais baixos de produção, emprego e de renda, o que explica também em parte os tombos menores.
O Chile, por exemplo, vem de um crescimento de 3% no primeiro trimestre, enquanto o Brasil já tinha caído 2,5%, embora a pandemia e as medidas de isolamento tenham chegado mais ou menos ao mesmo tempo, em março, para os dois.
“O Brasil sempre ficava na rabeira no ranking de crescimento econômico nos últimos anos e, agora, ficou nessa posicão intermediária”, disse Agostini. “A maior parte dos outros países vinha de uma situação melhor, e, com o choque da pandemia, todos acabaram chegando ao mesmo ponto.”
PIB positivo
O sincronismo dos impactos da pandemia de Covid-19 em todo o mundo fez com que apenas dois países – China e Índia – registrassem crescimento econômico, no levantamento feito pela Austin Rating.
Segundo o economista-chefe da agência de classificação de risco, Alex Agostini, nem mesmo durante a crise financeira, que se abateu sobre os mercados globais a partir de setembro de 2008, tantas economias ficaram no vermelho ao mesmo tempo.
Em 2020 92,9% de todas as economias do mundo deverão registrar quedas. O recorde anterior foi visto em 1931, em plena Grande Depressão, quando 83,8% dos países viram a renda per capita cair.
Neste segundo trimestre, o melhor desempenho ficou com a China, que teve uma alta de 11 5%. Vale mencionar, também, que o gigante asiático é, talvez, o único país do mundo que está à frente na crise causada pela pandemia. Foi lá onde surgiu a Covid-19, na virada de 2019 para este ano.
Já a Índia, país que, antes da pandemia, já havia roubado o posto de economia mais acelerada do mundo da China por alguns trimestres, teve crescimento de 0,7% ante os três primeiros meses do ano.
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