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    PIB do 2º tri deve ficar perto de zero, mas 2º semestre promete ser forte

    Avanço de vacinação e retomada da circulação deve ajudar a garantir crescimento acima de 5% no ano

    Juliana Elias, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A divulgação na sexta-feira (13) do IBC-Br, índice mensal do Banco Central que serve como uma prévia do PIB, apontou um crescimento forte da economia em junho, de 1,1% na comparação com maio, mas fraco no segundo trimestre completo, de apenas 0,1% em relação ao trimestre anterior. 

    O dado é um dos últimos a completar o retrato do ritmo de recuperação da economia no segundo trimestre antes de o número oficial do Produto Interno Bruto (PIB) ser conhecido – ele será divulgado em 1º de setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

    Serviços, varejo e indústria são outros que já tiveram os resultados para o período divulgados pelo IBGE, com sentidos mistos: os serviços cresceram em junho, as vendas do varejo caíram e a indústria andou de lado.  

    Com um trimestre que começou ainda baqueado pelas restrições de circulação em meio aos picos de mortes e contaminações por coronavírus vistos entre fevereiro e abril, o quadro de um PIB fraco para esses três meses começa a ficar mais claro. 

    Economistas falam em projeções de crescimento perto do zero, e alguns nem descartam uma nova variação negativa no segundo trimestre, depois da queda de 4,1% no ano passado e um crescimento de 1,2% nos primeiros três meses deste ano

    Por outro lado, a força da volta quase plena da circulação e das atividades esperada para esta segunda metade do ano, conforme a vacinação avança e nenhuma nova onda de contaminações atrapalhe o caminho, promete engatar um ritmo mais forte de crescimento. Isso sustenta as projeções para um PIB que deve crescer mais de 5% até o final deste ano.  

    “É possível que o PIB tenha uma queda no segundo trimestre, porque, apesar de um junho forte, a passagem para abril foi fraca”, disse Fabio Ramos, economista do banco UBS BB. 

    A projeção do banco para o segundo trimestre foi revisada nesta segunda-feira (16) para queda de 0,3%, ante previsão anterior de 0%, na comparação com os meses imediatamente anteriores. 

    “Apesar da surpresa positiva com os números de junho, a composição trimestral da produção industrial, vendas no varejo, serviços e indicadores do setor externo nos levaram a revisar para baixo nossa estimativa para o PIB do segundo trimestre”, disse a instituição no novo relatório.

    A estimativa do UBS para o ano também foi alterada, indo de alta de 5,8% para 5,5%. Para 2022, o banco continua esperando alta de 2,5%.

    “Mas não estou pessimista”, diz Ramos. “É um trimestre que começou mal e terminou bem, e o terceiro e quarto trimestres devem ser muito bons”, disse.

    “Estamos falando de um crescimento modesto [no segundo trimestre], mas há alguns fatores que justificam algum otimismo”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. 

    “A vacinação está ganhando força, devemos ter uma maior circulação das pessoas e ver o setor de serviços reabrindo, mesmo que a plena capacidade pré-pandemia só deva ser retomada no ano que vem.”

    A projeção do Banco Mizuho é de um PIB que crescerá apenas 0,2% no segundo trimestre, mas ganhará força gradativamente: a alta no terceiro deve ir a 0,4% e, no quarto, a 0,7%. Ao fim, o crescimento do ano deve ficar na faixa dos 5,5%. 

    Serviços voltando a respirar

    Composto por atividades muito mais dependentes da circulação do que apenas da renda, os serviços foram os que mais sofreram desde o ano passado

    São restaurantes, hotéis, cabeleireiros, academias, locadoras de veículos, agências de viagens e uma série de estabelecimentos que começam agora a se reerguer, enquanto comércio e indústria já chegaram a retomar há algum tempo os níveis de venda e produção pré-pandemia

    De acordo com os economistas, será daí que virá a tração que garantirá um crescimento mais forte nesta segunda metade do ano, enquanto o restante patina: em junho: os serviços tiveram alta de 1,7%, o varejo caiu 1,7% e a produção da indústria ficou no 0%, de acordo com o IBGE. 

    Como são os serviços a atividade que tem o maior peso no PIB brasileiro, além de ser uma das que mais emprega, sua promessa de retomada é um motor importante. 

    “Com as restrições, as pessoas estavam consumindo menos serviços e ficando com a renda disponível para comprar mais bens”, diz Rostagno, do Mizuho. É o fenômeno que fez, por exemplo, setores como o de restaurantes ou de viagens definharem enquanto supermercados e lojas de materiais de construção batiam recordes

    “O que começamos a ver agora é uma normalização desse padrão de consumo conforme a vacinação avança”, diz Rostagno, “e o setor de serviços deve continuar sendo o motor do crescimento para os próximos meses”.

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