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    PIB do 1º tri surpreende, mas juros altos ameaçam manutenção do crescimento, dizem especialistas

    Economistas indicam que o crescimento do PIB teve base avanço da oferta, não da demanda — o que possibilitaria corte nos juros

    Da CNNda CNN São Paulo

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quinta-feira (1º), que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao período imediatamente anterior. Para especialistas consultados pela CNN, o avanço surpreende, mas o patamar da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 13,75%, pode dificultar a manutenção da alta.

    O economista da Suno Reseach, Rafael Perez, destaca que o resultado do trimestre veio “bem acima do consenso” do mercado (1,2%), mas aponta que “para o restante do ano, a expectativa é de uma maior estabilidade do PIB, sentido os efeitos do aperto monetário do Banco Central e da dissipação dos efeitos do agro”.

    Na visão da economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, contudo, o crescimento do PIB no primeiro trimestre teve base no avanço da oferta. Segundo a especialista, a demanda “paralisada” abre espaço para que haja cortes na taxa básica de juros já em agosto.

    “Para a política monetária, o PIB foi uma boa notícia. O fato de o consumo não estar crescendo mostra que não há uma pressão pelo lado da demanda, e isso abre espaço para um corte de juros”, explica.

    Apesar do avanço do PIB mais robusto que o esperado, a Despesa de Consumo das Famílias avançou 0,2%, e a Despesa de Consumo do Governo, 0,3%, neste período.

    Em sua nota sobre a divulgação do IBGE, a equipe da MB associados também destaca os dados qualitativos da divulgação do PIB que trazem “bons sinais” à autoridade monetária.

    “O PIB cresceu onde precisava crescer para ajudar na dinâmica inflacionária. Mantemos, com isso, a queda de juros a partir de setembro deste ano”, indica.

    Agro puxa o crescimento

    A economista-chefe do Inter destaca o papel do agronegócio para essa o resultado acima das expectativas. “O crescimento do agro foi bastante surpreendente. É atípico, não é sempre que vemos um setor da economia crescendo 20% em um trimestre”, comenta.

    Segundo o IBGE, o resultado foi puxado, principalmente, pelo crescimento de 21,6% da agropecuária, maior alta para o setor desde o quarto trimestre de 1996. O setor responde por cerca de 8% de toda a economia do país.

    Rafael Perez destaca a expansão da safra 2022/2023 como motor do avanço do agronegócio — especialmente da soja. “A queda nos custos de produção, as melhores condições climáticas, o aumento das exportações e os preços favoráveis das commodities também permitiram o bom desempenho do setor”, completa.

    Ao comentar o avanço do setor, a equipe do MB associados destaca que “mesmo que os outros segmentos desacelerem com força, ainda assim o agro conseguirá ser responsável pelo PIB mais forte esse ano”.

    Relatório do Bradesco destaca que o resultado reforça a visão mais construtiva para o crescimento econômico neste ano, com o consumo das famílias ainda mostrando alguma resiliência nesse primeiro semestre, além da forte contribuição do setor agrícola.

    “O ponto de atenção ficou por conta da queda mais forte do que esperávamos para os investimentos (-3,4%). Essa queda foi compensada pelo setor externo forte, com crescimento de 7,1%. O consumo das famílias cresceu 0,2%, com dinâmica ainda forte numa perspectiva anual (+3,5%).”

    *Publicado por Danilo Moliterno e Diego Mendes

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