Petrobras pode perder o posto de maior empresa do Brasil? Entenda
JBS ultrapassa Petrobras no 2º tri e fica a apenas R$ 4 bilhões de diferença no 1º semestre; preço do barril de petróleo será fundamental para a estatal
O ano de 2020 certamente ficará marcado nos livros de história. E também nos balanços de muitas empresas do Brasil e do mundo. Enquanto as companhias de tecnologia continuam subindo sem parar nas bolsas e também em vendas, outras sofrem com a baixa demanda. Isso trouxe um efeito curioso: a Petrobras (PETR3 e PETR4) está perto de perder o seu trono de maior empresa do Brasil depois de décadas.
Isso já aconteceu no segundo trimestre de 2020. Depois de reportar uma queda na receita de quase 30%, aos R$ 51 bilhões, a Petrobras perdeu o posto de maior empresa em faturamento para a empresa de alimentos JBS (JBSS3).
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Vitaminada pelas exportações e pelo dólar alto frente ao real, a empresa dos irmãos Batista chegou aos R$ 67,6 bilhões de reais em receita, uma alta de 33%.
Se formos levar em conta o primeiro semestre, a Petrobras ainda está na liderança. Mas por bem pouco. Enquanto a empresa teve uma queda de quase 12% na receita, a R$ 126,3 bilhões, a JBS avançou 30%, aos R$ 124 bilhões. Todos os levantamentos foram realizados pela consultoria Economatica, a pedido do CNN Brasil Business.
E sem um horizonte exato de quando uma vacina será aprovada, a JBS pode continuar forte rumo à liderança, segundo especialistas. “É possível que a empresa ultrapasse a Petrobras por conta do preço do petróleo mais fraco até o fim do ano”, diz Pedro Galdi, analista da corretora Mirae Asset.
Depois de alcançar mínimas em abril, quando o petróleo passou a ver o barril a US$ 19, o preço da commodity voltou a subir e atualmente está no patamar dos US$ 46. Mesmo assim, ainda está distante do preço do início do ano – 30% para ser mais exato.
Para o professor Rafael Felipe Schiozer, da Fundação Getulio Vargas e especializado em óleo & gás, é difícil prever se o preço do petróleo vai voltar aos patamares anteriores. Mas ao “tentar usar a sua bola de cristal”, Schiozer afirma que não enxerga nenhum motivo, no cenário atual, para voltar a ter uma alta significativa.
E há uma razão para isso: a produção mundial em junho foi de 87 milhões de barris por dia, ainda bem abaixo dos mais de 100 milhões por dia registrados no início do ano.
“Minha melhor previsão é que o preço se mantenha entre US$ 40 e US$ 50 no médio prazo. Obviamente, alguma grande surpresa (política econômica ou de saúde) pode causar uma variação maior, mas não vejo motivo para uma alta significativa”, diz ele.
Mas para Igor Cavaca, analista da corretora Warren, a recuperação do barril a esse patamar será o suficiente para a Petrobras manter a liderança.
“O período de análise corresponde a um momento em que o petróleo estava com valores muito baixos e o preço do boi gordo estava subindo”, diz Cavaca. “Com a tendência de aumento do preço do petróleo e de consumo que temos observados nos últimos meses, esse movimento tende a ser menos provável nos próximos semestres.”
Ao mesmo tempo, a demanda por comida não para de subir – e o próprio resultado da JBS surpreendeu analistas de mercado.
Além da alta nas vendas, a empresa teve um crescimento de 55% em seu lucro líquido de abril a junho, a R$ 3,4 bilhões. A surpresa ocorreu porque analistas não esperavam nada acima de R$ 1,9 bilhão. Não à toa, as ações da empresa já subiram 5% desde a divulgação dos resultados.
Em entrevista à CNN, o presidente da companhia, Gilberto Tomazoni, reiterou os bons resultados e afirmou que o plano de investimentos bilionário no Brasil será seguido à risca.
“Até 2025, vamos investir R$ 8 bilhões só nos investimentos diretos da JBS. Só por conta desse investimento, vamos gerar mais 20 mil vagas”, diz Tomazoni. “Se somar os colaboradores que já temos hoje, vamos ter, no Brasil mais de 150 mil colaboradores.”
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