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    Petrobras é a petrolífera com mais desconto entre gigantes de petróleo

    Levantamento que compara preço das ações e geração de caixa das maiores empresas do setor de petróleo do mundo mostra que papéis da Petrobras são os mais descontados

    Priscila Yazbekda CNN , em São Paulo

    Um dos indicadores mais observados pelo mercado para avaliar se uma ação está cara ou barata, o EV/Ebitda mostra que as ações da Petrobras têm o maior desconto entre as maiores petrolíferas do mundo.

    O EV/Ebitda da estatal é de 3,1 vezes, contra 6,8 vezes das americanas Chevron e ExxonMobil, que lideram a lista. Na sequência aparece a britânica Shell, com 4,6, seguida pela francesa Total, com 3,8 e a British Petroleum (BP), também com 3,8 vezes.

    O EV é o Enterprise Value —ou valor da empresa—, e mostra o valor de mercado da companhia. Já o Ebitda mostra a geração de caixa. Ou seja, quanto maior o indicador, mais distante está o valor das ações do que ela gera de caixa. Quanto menor a relação, mais próximo é o valor da ação da geração de caixa.

    Isso significa que com a menor relação EV/Ebitda é possível dizer que a Petrobras é a empresa cujas ações estão no menor valor, considerando a sua capacidade de gerar caixa. Já a Chevron e a Exxon são as que têm o valor mais distante do que gera de receitas. Portanto, a Petrobras é a ação mais “descontada” e as petrolíferas americanas as mais “esticadas”, como dizem os analistas.

    João Lorenzi, analista de petróleo da gestora Encore, diz que o motivo que explica o desconto da Petrobras é o risco político. “Vimos um movimento de ‘derating‘ na Petrobras, que é quando a empresa começa ver seu EV/Ebitda cair consistentemente. Ou seja, o mercado começa a ‘pagar menos’ pela empresa porque, entre outros motivos, vê riscos maiores no investimento”, afirmou.

    “Antes da era Dilma, a Petrobras costumava a ter EV/Ebitda médio de 5,5 vezes. Esse número passou a 4,5 vezes na era Temer e caiu para algo próximo de 2 vezes, se considerarmos os dividendos, na era Bolsonaro. O movimento foi visto em todas as ações de petróleo devido à transição energética, mas foi muito mais intenso na Petrobras porque o risco de interferência está sempre pairando no ar”, acrescentou o analista.

    A Encore tem ações da Petrobras na carteira, mas Lorenzi ressalta que o investidor que pensa em investir na Petrobras tem que ter em mente que as ações são muito voláteis, justamente por causa dos riscos de ingerência política.

    Apesar do desconto frente aos pares, Paulo Bittencourt, consultor financeiro, não recomenda a compra de ações da Petrobras “pela alta volatilidade adicional que a interferência governamental tem gerado”.

    “O investidor  comum tem que levar em conta que estará no meio de movimentos gigantescos de compra e venda, principalmente de ADRs executados por profissionais de Bolsa”, diz.

    Para Bittencourt, existem alternativas melhores para investimentos de longo prazo no segmento de óleo e gás, como Chevron e ExxonMobil. “Algumas delas já são negociadas no Brasil como BDRs. Deixe a especulação para aqueles que vivem disso e assumem os riscos”, recomenda.

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