Perdas no setor de grãos da Ucrânia podem passar dos US$ 3,2 bi por causa da guerra, diz sindicato
Preços elevados de logística, combustíveis e fertilizantes ameaçam área de colheita


As perdas do setor ucraniano de grãos e oleaginosas podem ultrapassar US$ 3,2 bilhões (R$ 16,14 bilhões) em 2023 devido ao alto custo de logística; bem como aos aumentos de preços de combustíveis e fertilizantes, que ameaçam reduzir as áreas semeadas no próximo ano e nos anos seguintes, disseram os sindicatos de agricultores do país na quinta-feira (18).
A Ucrânia é um dos principais produtores e exportadores globais de alimentos.
Antes da invasão russa, o país enviava a maior parte de suas exportações por meio de portos de águas profundas no Mar Negro, que foram total ou parcialmente bloqueados desde fevereiro de 2022.
As oportunidades limitadas de exportação, agora centradas nos pequenos portos do rio Danúbio e na ferrovia para a Europa Oriental, multiplicaram o componente logístico e, consequentemente, reduziram o preço que os comerciantes podem oferecer aos agricultores.
O fechamento dos portos também levou a um aumento acentuado no preço do combustível importado, sementes, fertilizantes e peças de reposição para máquinas agrícolas.
O Conselho Agrário, o maior grupo de agronegócios da Ucrânia, disse que o custo da produção de trigo em 2023 era de cerca de US$ 146 (R$ 736,20) por tonelada métrica, com um preço médio de venda de US$ 102 (R$ 514,33).
Os agricultores gastam US$ 149 (R$ 751,33) para cultivar milho e podem vendê-lo por US$ 94 (R$ 473,99).
O conselho disse que, em 2023, até mesmo a produção de girassol e colza não seria lucrativa e somente a soja daria algum lucro aos agricultores.
Os produtores disseram que as grandes perdas já levaram à redução dos plantios para a safra de 2024.
Veja imagens da destruição causada pela guerra na Ucrânia
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Veja imagens que mostram a destruição da guerra na Ucrânia após cerca de um ano e meio de conflito • 30/06/2023 REUTERS/Valentyn Ogirenko
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Vista mostra ponte Chonhar danificada após ataque de míssil ucraniano, em Kherson, Ucrânia • 22/06/2023Líder da região de Kherson Vladimir Saldo via Telegram/Handout via REUTERS
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Casas inundadas em bairro de Kherson, Ucrânia, quarta-feira, 7 de junho de 2023. • Felipe Dana/AP
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Prédio destruído em Mariupol, na Ucrânia • 14/04/2022 REUTERS/Pavel Klimov
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Área residencial inundada após o colapso da barragem de Nova Kakhovka na cidade de Hola Prystan, na região de Kherson, Ucrânia, controlada pela Rússia, em 8 de junho. • Alexander Ermochenko/Reuters
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Imagens de drone obtidas pelo The Wall Street Journal mostram soldado russo se rendendo a um drone ucraniano no campo de batalha de Bakhmut em maio. • The Wall Street Journal
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Vista aérea da cidade ucraniana de Bakhmut • Vista área da cidade ucraniana de Bakhmut em imagem de vídeo15/06/202393rd Kholodnyi Yar Brigade/Divulgação via REUTERS
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Socorristas trabalham em casa atingida por míssil, em Kramatorsk, Ucrânia • 14/06/2023Serviço de Imprensa do Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia/Handout via REUTERS
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A cidade de Velyka Novosilka, na linha de frente, carrega as cicatrizes de um ano e meio de bombardeios. • Vasco Cotovio/CNN
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Crateras e foguetes não detonados são uma visão comum na cidade de Velyka Novosilka, que foi atacada pelas forças russas. • Vasco Cotovio/CNN
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Policial ucraniano dentro de cratera perto do edifício danificado por drone russo. • Reprodução/Reuters
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Rescaldo de um ataque de míssil russo na região de Zhytomyr • Bombeiros trabalham em área residencial após ataque de míssil russo na cidade de Zviahel, Ucrânia09/06/2023. Press service of the State Emergency Service of Ukraine in Zhytomyr region/Handout via REUTERS
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Danos à barragem de Nova Kakhovka, no sul da Ucrânia, são vistos em uma captura de tela de um vídeo de mídia social. • Telegram/@DDGeopolitics
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Vista da ponte destruída sobre o rio Donets • Lev Radin/Pacific Press/LightRocket via Getty Images
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Ataque com míssil mata criança de 2 anos e deixa 22 pessoas feridas na Ucrânia, diz governo • Ministério da Defesa da Ucrânia/Divulgação/Twitter
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Foto tirada por ucraniana após ataques com drones russos contra Kiev. Drones foram abatidos, mas destroços provocaram estragos. • Andre Luis Alves/Anadolu Agency via Getty Images
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Morador local de pé em frente a prédio residencial fortemente danificado durante o conflito Rússia-Ucrânia, no assentamento de Toshkivka, região de Luhansk, Ucrânia controlada pela Rússia • 24/03/2023REUTERS/Alexander Ermochenko
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Soldados ucranianos disparam artilharia na linha de frente de Donetsk em 24 de abril de 2023. • Muhammed Enes Yildirim/Agência Anadolu/Getty Images
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Ataque de mísseis russos atingem prédio residencial em Uman, na região central da Ucrânia • Reuters
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Vista aérea da cidade ucraniana de Bakhmut capturada via drone • 15/04/2023 Adam Tactic Group/Divulgação via REUTERS
“Planejávamos semear 2.000 hectares de trigo de inverno, mas semeamos apenas 1.000 hectares”, disse Ruslan Holub, diretor da fazenda Tak, que tem mais de 10.000 hectares no centro e no sul da Ucrânia.
“Os agricultores determinarão a área que podem semear com base principalmente em sua capacidade financeira”, disse Oleh Khomenko, diretor do Ukrainian Agribusiness Club, uma associação comercial.
Os sindicatos de agricultores se recusaram a prever a área a ser semeada para a safra de trigo de 2024, enquanto o Ministério da Agricultura da Ucrânia ainda mantém sua previsão de semeadura de trigo de inverno em cerca de 4,4 milhões de hectares.
Não apenas as dificuldades financeiras, mas também o clima desfavorável podem reduzir significativamente a área de semeadura neste outono. A Ucrânia é um produtor tradicional de trigo de inverno, cevada e colza.
Os meteorologistas do estado disseram esta semana que a ausência prolongada de chuva na maioria das regiões ucranianas criou condições desfavoráveis tanto para a semeadura em andamento das culturas de inverno quanto para as plantas já semeadas.
Os agricultores tinham semeado 3,02 milhões de hectares de trigo de inverno até 16 de outubro de 2023, em comparação com 2,5 milhões de hectares na mesma data do ano anterior, segundo dados do Ministério da Agricultura.