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    Pecuária brasileira contribui para capturar carbono na atmosfera, diz pesquisa

    Idade de envio de bovinos para processamento, perfil da dieta do gado, qualidade no manejo das pastagens e controle do desmatamento nas propriedades estão entre principais fatores

    Um levantamento feito em mais de uma centena de fazendas brasileiras mostrou que a pecuária nacional contribui para a captura dos gases do efeito estufa (GEE) expelidos na atmosfera.

    A pesquisa mostrou que em 31% das propriedades analisadas removem mais que emitem carbono na atmosfera.

    O estudo foi realizado pelo Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da FGV (OCBio/FGV), da consultoria Fauna Projetos e do Instituto Inttegra, com participação da JBS, entre agosto de 2023 e maio deste ano. 

    Práticas adequadas de manejo de solo, como a recuperação de pastagens, eficiência produtiva e desmatamento zero estão entre as principais razões para alcançar o marco.  

    Os 46% das fazendas mais eficientes emitem menos GEE para cada tonelada de carcaça.

    O estudo é um dos maiores já realizados sobre o tema no mundo e contou com 103 propriedades fornecedoras da Friboi, em 12 estados brasileiros.

    A partir do método de mensuração internacional utilizado pelo setor, o GHG Protocol, do World Resources Institute (WRI) e do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), mensalmente foram coletados dados sobre as emissões e as remoções de GEE das propriedades.

    Segundo os pesquisadores, entre os fatores que influenciaram diretamente o resultado estão a idade de envio de bovinos para processamento, o perfil da dieta do gado, a qualidade no manejo das pastagens e o controle do desmatamento nas propriedades.

    “Avaliações importantes, como a supressão da vegetação nativa, fazem com que as emissões aumentem muito”, explica Eduardo Assad, pesquisador do OCBio/FGV e diretor-executivo da consultoria Fauna Projetos.

    “Também ficou nítido o efeito da recuperação dos pastos na redução das emissões. Esse conjunto indica, claramente, o caminho de adotar boas práticas agrícolas aumentando a eficiência e a qualidade da carne brasileira”.

    Para Fabio Dias, diretor de Pecuária da Friboi e líder de Agricultura Regenerativa da JBS Brasil, o estudo permite maior diagnóstico da situação das propriedades. 

    O gestor também cita o programa Fazenda Nota 10 (FN10), criado em 2017 com o Instituto Inttegra, que visa auxiliar criadores de gado de corte fornecedores da Friboi na gestão da produtividade, com o foco em rentabilidade e sustentabilidade de suas propriedades, com monitoramento e técnicas de benchmarking.

    “Ao realizar o balanço de carbono e analisar as práticas de agricultura regenerativas adotadas, o Fazenda Nota 10 oferece essas informações para que os proprietários possam entender seus status atual e traçar metas efetivas de gestão na direção de uma pecuária de baixo carbono”.

    Evolução de iniciativas

    Considerado o maior programa de treinamento em gestão para pecuaristas no Brasil, o FN10 já impactou cerca de 860 propriedades, que cobrem área equivalente a pouco mais de 1,4 milhão de hectares. Atualmente, há 435 fazendas participantes do programa em todo o Brasil.

    Em 2023, o programa firmou parceria com a consultoria Fauna Projetos e expandiu seus indicadores para incluir o balanço de emissões de GEE. Entre as linhas de mentoria que a iniciativa já vinha realizando estavam instruções a respeito de técnicas de manejo e adubação de pastagens, entre outros temas relacionados a agricultura regenerativa, como técnicas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e valorização da biodiversidade.

    Cada ciclo do Programa Fazenda Nota 10 tem duração de 12 meses. Os produtores passam por diversos treinamentos em gestão de propriedade e se comprometem a lançar os dados sobre a evolução mensal de suas fazendas e do rebanho na plataforma do FN10. Os dados compilados são analisados por uma equipe de especialistas periodicamente e, com base em benchmarking, são apontados os meios de melhoria em cada critério entre as propriedades atendidas.

    Segundo Fabio Dias, os participantes do FN10 alcançam cerca de 15% de aumento no Ganho Médio Diário (GMD) de peso, por animal, nos rebanhos, e diminuem em média 9% as despesas por arroba produzida. “Além do aspecto econômico, a pecuária com práticas sustentáveis pode ser cada vez mais parte da solução da questão climática, como demonstrou nosso estudo”, afirma o executivo.

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