Para voos mais altos, Ambev fecha parceria para testar delivery por drones
Acordo foi firmado com Speedbird Aero, que já opera drones de outras grandes marcas, como iFood
Depois de outras grandes empresas, chegou a vez da Ambev entrar no segmento de delivery por drones. Na última semana, a gigante de bebidas fechou uma parceria com a startup Speedbird Aero para desenvolver o projeto de um novo modal para entrega de seus produtos.
O acordo ainda está em sua fase inicial, mas a cervejaria antecipa que o principal objetivo é explorar as diferentes formas de distribuição, usando a tecnologia para melhorar a experiência dos consumidores.
Ao CNN Brasil Business, o diretor global de inovação da Ambev Tech, Bruno Stefani, explicou que a empresa está atenta às mudanças do setor de logística e que este novo serviço tem potencial para aprimorar as entregas e colaborar com as demandas da sociedade.
“É essencial estarmos conectados com as novas tendências de logística, seja a curto, médio ou longo prazo. Esse piloto de entregas via drone também pode contribuir com a mobilidade urbana e o meio ambiente, pois pode ajudar a diminuir o número de veículos nas ruas e, consequentemente, a emissão de poluentes”, afirma.
Os primeiros testes já estão marcados e devem acontecer na cidade de Jaguariúna, no interior de São Paulo, seguindo protocolos determinados pelo DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), que limita os voos-testes em grandes cidades.
Posteriormente, a proposta ainda precisa de autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que regulamenta o voo comercial no país, e só depois devem ser definidos os detalhes da operação, como a cidade e a rota.
Embora seja proprietária do Zé Delivery, um aplicativo que entrega bebidas geladas, a Ambev ainda não sabe se o drone será incorporado à plataforma. “O nosso investimento é para a pesquisa e desenvolvimento da tecnologia, que depois poderá ser utilizada por outras empresas do país”, adianta Stefani.
Para Manoel Coelho, CEO da Speedbird Aero, esta é mais uma parceria que mostra a capacidade das aeronaves em operar diversos serviços no Brasil e no mundo. “Com a Ambev, estamos trabalhando para selecionar as rotas e depois expandir o serviço”, comenta. “É uma tecnologia nova, por isso, precisamos estudar para que tudo saia dentro do previsto, com segurança”.
Tendência
Mais marcas estão seguindo essa tendência. O delivery por drone ganhou notoriedade nos últimos meses, graças à parceria da Speedbird com o iFood. Em setembro do ano passado, o aplicativo encabeçou essa novidade quando anunciou a primeira entrega neste modelo no país, realizada em Campinas/SP.
Depois disso, o Hermes Pardini, um dos principais grupos de medicina diagnóstica, também começou a testar a possibilidade de se transportar materiais biológicos para exames, sem a necessidade do paciente se deslocar ao laboratório.
Já para o funcionamento dos drones, no começo deste mês, a Claro obteve exclusividade no fornecimento de conectividade para os equipamentos, que devem usar redes de internet da operadora nos padrões 4G, 4,5G e 5G DSS – uma versão experimental da quinta geração que ainda não passou por leilão no Brasil.
Atualmente, são dezenas de profissionais trabalhando diuturnamente nos projetos em andamento e a ideia é que o time cresça no mesmo ritmo das parcerias. Ao propor um novo modal de transporte, a empresa garante que não quer competir com os entregadores, mas se somar a eles na entrega dos produtos.
Por isso, um dos objetivos é importar e capacitar os motoboys para que eles operem drones. “Nós desenvolvemos um plano de carreira em que eles iniciam como observadores e trabalham em conjunto com um piloto mais experiente. Desta forma, adquirem conhecimento sobre operação e comportamento da aeronave e dos sistemas envolvidos”, assegura Samuel Salomão, diretor de produtos.
Segundo ele, o caminho entre o observador até o operador/piloto com experiência passa por algumas fases e avaliações, e o salário pode chegar a R$ 5 mil.
Nos próximos meses, a empresa vai inaugurar sua própria fábrica de drones, em Franca/SP, onde deve comandar parte da montagem dos equipamentos, com produtos do mercado interno. Além disso, também está prevista a captação da primeira rodada de investimentos, conhecida como Série A.