Para cada R$ 1 investido em vacina, houve ganho de R$ 9 no PIB, mostra pesquisa
Segundo levantamento da Pfizer em conjunto com a GO Associados, os R$ 21,79 bilhões investidos na compra de vacinas em 2021 gerou um impacto positivo no PIB de R$ 200 bilhões
A vacina foi um dos itens de melhor custo-benefício ao Brasil no combate à pandemia da Covid-19, conforme aponta pesquisa divulgada nesta quarta-feira (8) pela Pfizer em parceria com a GO Associados. Segundo o estudo, para cada R$ 1 investido em vacina, gerou-se um impacto positivo no Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 9.
O levantamento mostra que em 2021 foram investidos R$ 21,79 bilhões para a aquisição das vacinas, gerando assim um ganho para a economia brasileira de R$ 200 bilhões.
“É muito raro encontrar uma ferramenta com esse grau de eficiência. Quando a cobertura vacinal começa a crescer, ela tem um impacto muito forte sobre a mobilidade, que por sua vez tem um impacto da mesma magnitude no Produto Interno Bruto”, destacou Gesner Oliveira, professor da FGV e sócio da GO Associados.
O economista chama a atenção para os benefícios da cobertura vacinal em decorrência de outras medidas que tiveram que ser adotadas durante a pandemia, mas que trouxeram impactos negativos para a economia.
“Muitas ferramentas machucaram a economia na pandemia, especialmente o lockdown. Quando isso acontecia, diminuía a disseminação do vírus, mas o desemprego aumentava. Se não fizesse o lockdown, a situação sanitária piorava.
“Já com a vacina, ela aumenta a proteção contra o vírus e também a proteção econômica. O setor de serviços FOI muito beneficiado com isso”, acrescentou.
Gesner Oliveira ressaltou o desempenho do mercado de trabalho em abril, que teve saldo de 196 mil vagas formais no mês, conforme divulgação do Caged na semana passada.
“60% desse resultado vem do setor de serviços, porque está havendo uma reabertura, uma volta à normalidade que permite que a economia funcione”, pontuou.
Ele também salientou a importância de uma cooperação internacional para a vacinação da população todos os países, pois, além da questão sanitária, a cobertura vacinal é benéfica economicamente para o comércio internacional.
O economista, por fim, destacou que a vacinação contra o coronavírus coloca um ponto final no impasse entre saúde e economia, evidenciando os resultados da pesquisa da Pfizer e da GO Associados.
“A vacina é uma ferramenta de política pública que elimina o conflito entre saúde e economia. Em determinados momentos entramos nesse dilema, mas com a cobertura vacinal isso não acontece, pois ela permite a mobilidade das pessoas com segurança”.
Metodologia
Para a análise dos impactos da vacinação na economia, foram consideradas duas abordagens econométricas: regressões descontínuas e controle sintético.
A primeira tomou como base uma projeção de dimensão nacional, levando em conta o retorno às atividades após a imunização.
“Considerando que a mobilidade urbana é uma proxy para o PIB, e supondo que o PIB fosse crescer em magnitude similar ao coeficiente positivo e significativo estimado correspondente à janela de 360 dias, de 2.626%: pode-se atribuir à vacinação um aumento de quase R$ 200 bilhões na atividade econômica, valor nove vezes maior do que o total efetivamente gasto com a aquisição de vacinas”, pontuou a pesquisa.
Já a segunda trouxe uma abordagem municipal, pegando como base dados da cidade de Serrana (SP) e comparando com uma realidade fictícia na qual os habitantes não foram vacinados.
Vale ressaltar que o controle sintético é um método estatístico que permite a criação de uma unidade hipotética (contrafactual) não tratada a partir de dados observáveis.
“A vacinação em massa foi responsável pela redução de 25 óbitos por 100 mil habitantes em maio de 2021, no estudo de caso realizado em Serrana”, apontou o estudo.