Para baixar temperatura, Fávaro diz que governo vai socorrer produtores de arroz caso importação afete preço mínimo
Em comissão na Câmara dos Deputados, ministro afirmou ainda que está sendo estruturado um novo edital para leilão junto à CGU e à AGU em que o governo terá conhecimento de quem são as empresas participantes


O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse nesta quarta-feira (19) que o governo vai socorrer produtores brasileiros de arroz caso o incentivo para importar o grão faça com que a saca atinja um valor abaixo do preço mínimo.
“A decisão de comprar arroz foi do governo todo. Isso não significa que o objetivo do governo é concorrer com o produtor. Mas se há um ataque especulativo é papel do governo dar essa estabilidade para o preço vendido”, disse.
“O governo vai socorrer o produtor caso o arroz fique abaixo do preço mínimo, até porque tem a lei que determina o Programa de Garantia do Preço Mínimo.”
A declaração foi dada em comissão na Câmara dos Deputados, para a qual foi convidado a esclarecer sobre estoques públicos e a necessidade de importação de arroz.
Fávaro disse ainda que o governo está “modernizando” o edital e se organizando para um novo leilão.
Dentre as principais mudanças, está a participação da Conab na etapa de qualificação das empresas participantes, para que, segundo o ministro, o governo não foque sabendo somente depois do anúncio do resultado quem são os vencedores e se eles têm capacidade de entrega.
O novo edital também será acompanhado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Advocacia-Geral da União (AGU).
“Ataque especulativo”
O ministro defendeu que a necessidade de importação do arroz não se deu por receio de uma possível “falta” de arroz no Brasil, mas sim em razão de um “ataque especulativo”.
“Porque o arroz subiu 30/40% com a tragédia [no Rio Grande do Sul] se não foi um ataque especulativo? Não se trata de afrontar os produtores. Não é o produtor que fez o ataque especulativo, mas o fato é que o preço subiu mesmo tendo arroz disponível”, argumentou.
Conflito de interesses
Durante a discussão na comissão, Fávaro também comentou sobre a demissão do secretário de Política Agrícola, Neri Geller.
Disse que a decisão foi feita para garantir a transparência em possíveis investigações, e não é um juízo de valor ou condenação do ex-funcionário.
“É a transparência dada para se investigar. Não vejo por que criar polêmica sobre isso, deveria ser motivo de elogio até. Apesar do ato falho de ter as ligações pessoais do filho com a empresa que operou o leilão, não há nada de errado ou digno de condenação, mas precisa ser investigado, sim”, afirmou.
Segundo o ministro, a mesma lógica justifica a anulação do leilão.
“Foi anulado porque faz parte combater qualquer tipo de conflito de interesses. É uma prevenção. Não se trata se juízo de valores [sobre as empresas vencedoras].”