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    Pandemia afeta rentabilidade de bancos

    A percepção no mercado é que retorno ao redor de 20% ficou para trás e que a nova realidade é de resultados mais apertados, em vista da tecnologia e juro baixo

    Fernanda Guimarães e Cynthia Decloedt, , do Estadão Conteúdo

    Os grandes bancos brasileiros viram o retorno sobre o patrimônio — um dos indicadores usados para medir o desempenho de uma empresa — se deprimir ao longo dos meses de pandemia. Apesar desse efeito pontual, a percepção no mercado é que números ao redor de 20% ficaram para trás e que a nova realidade é de resultados mais apertados, em vista da tecnologia (que trouxe aumento de competição com as fintechs) e dos juros mais baixos.

    A pandemia empurrou as carteiras de empréstimos dos bancos para operações de menor risco — e, por tabela, proporcionalmente menor ganho —, caso das linhas no consignado e o crédito imobiliário, ou para programas criados pelo governo para socorrer as empresas, como o Pronampe. Também aqui o spread (a diferença entre a taxa que o banco paga para captar dinheiro e a que ele empresta) foi menor.

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    A média do retorno sobre o patrimônio anualizado, o ROE, dos quatro grandes bancos brasileiros no terceiro trimestre do ano foi de 13,58%, segundo cálculo da Economática. Esse é o quarto menor ROE da série histórica, atrás daqueles vistos nos três primeiros trimestres de 2017. Já a maior mediana de ROE foi no primeiro trimestre de 2008, com 26,98%, ainda de acordo com a Economática.

    O Itaú Unibanco, por exemplo, ainda vê pressão no retorno ao longo dos próximos trimestres. O presidente da instituição, Candido Bracher, disse que esse é um dos reflexos da postura adotada pelo banco em meio à pandemia. Uma das razões foi o peso maior de operações de atacado, com as empresas buscando crédito no início da pandemia para fazer caixa, e também a postura do banco para priorizar linhas de menor risco, como o consignado.

    O executivo disse que o ganho vai melhorar com a retomada da economia, mas lembrou que essas linhas são de longo prazo e não vão maturar nos próximos anos. No entanto, acrescentou que, à medida que a carteira de crédito do banco crescer, as linhas com menor rentabilidade serão diluídas – diminuindo o efeito na margem.

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    O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, considerou a queda do retorno algo pontual. O executivo apontou mudanças regulatórias que afetaram as taxas do cheque especial e também para as linhas emergenciais de crédito do governo voltadas às pequenas e micro empresas, que têm spread menor. Ele lembrou, contudo, que as linhas emergenciais, caso do Pronampe, tem elevado o grau de garantia, ou seja, risco mínimo de perdas.

    Estratégia

    O maior banco público do País, o Banco do Brasil, participou ativamente das duas fases do Pronampe. Um dos efeitos foi um retorno mais magro nos dois últimos trimestres, revertendo um esforço feito nos últimos anos para se aproximar dos concorrentes privados. Seu novo presidente, André Brandão, afirma que a retomada desse processo será uma das missões do banco. Brandão passou 20 anos no setor privado e a expectativa no mercado é de uma estratégia que considere também as mudanças que a era digital, das fintechs e do estímulo à concorrência pelo Banco Central, terão na atividade bancária.

    Brandão já criou uma unidade, que ficará sob sua responsabilidade, para cuidar da “experiência do cliente”. Somado ao cruzamento de serviços e produtos de várias áreas do banco e parcerias do BB, semelhantes à feita com o UBS na área de mercado de capitais, Brandão quer compensar justamente essa disputa em que as comissões, tarifas, receitas com clientes e margens estão sendo sacrificadas.

    (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)

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