Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Orçamento está bastante mais ajustado ao que vai acontecer na economia, diz Haddad

    Peça deve ser entregue pela equipe econômica nesta sexta-feira (30)

    Eduardo Laguna e Francisco Carlos de Assis, do Estadão Conteúdo

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou nesta terça-feira (27), que o projeto de orçamento do ano que vem, a ser anunciado na sexta-feira (30), está mais ajustado com o que deve acontecer na economia.

    Durante participação na conferência anual do Santander, Haddad disse que a peça que está sendo finalizada traz mais conforto à equipe econômica do que a apresentada no ano passado, quando, reconheceu o ministro, havia excesso de otimismo com as receitas extraordinárias levantadas em outorgas e concessões.

    Após enfatizar que a peça orçamentária é uma construção que passa por diversas áreas técnicas, de modo que não há como maquiá-la, Haddad assegurou que o orçamento do ano que vem vai “equilibrado” — ou seja, prevendo equilíbrio entre receitas e despesas, como determina a meta fixada no arcabouço fiscal para as contas primárias.

    “Eu digo a você, com muita tranquilidade, essa peça orçamentária me causa mais conforto do que a do ano passado. A peça orçamentária do ano passado, na minha opinião, subestimava receitas ordinárias e superestimava receitas extraordinárias. Cheguei a dizer isso em uma entrevista na época”, declarou o ministro durante participação na conferência anual do Santander.

    “O meu feeling é de que ela está bastante mais ajustada ao que eu penso que vai acontecer com a economia brasileira”, acrescentou.

    O ministro observou que, por conta da deflação no Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), observado pela Receita na projeção da arrecadação, as receitas ordinárias foram subestimadas no orçamento que está sendo executado neste ano.

    Assim, Haddad reforçou que o governo deve entregar neste ano a meta de resultado primário dentro da banda, que permite um déficit de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) nas contas que desconsideram os pagamentos de juros. Porém, o resultado terá uma composição mais benéfica do lado da arrecadação, uma vez que a surpresa veio das receitas recorrentes.

    O ministro adiantou ainda que o projeto orçamentário de 2025 será enviado ao Congresso com propostas do setor privado.

    “O setor privado está se unindo ao esforço da Fazenda no sentido de buscar fontes eficientes e alternativas de receita em proveito do equilíbrio das contas públicas. Temos conversado com vários segmentos e, questão de um mês atrás, recebemos uma proposta bastante interessante que vai se transformar num programa que vai constar da lei orçamentária”, declarou Haddad, acrescentando que o programa está alinhado ao desejo de um sistema tributário “mais decente”.

    Meta fiscal

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a afirmar nesta terça-feira que continua otimista com o Brasil e que pensa que o país pode entrar em um ciclo de crescimento sustentável se o governo continuar a fazer aquilo que precisa ser feito, aquilo que, de acordo com ele, é a obsessão do governo desde dezembro de 2022.

    “Queremos é diminuir o estímulo fiscal que vem sendo dado há 10 anos, praticamente desde 2015. Nós estamos com o déficit primário bastante elevado e queremos substituir esse impulso fiscal por uma regra de desenvolvimento com taxas de juros moderadas, com sustentabilidade fiscal e com um conjunto de reformas que nós vamos empreender para dar um horizonte de longo prazo para os investidores, trabalhadores, cidadãos de uma maneira geral”, disser Haddad.

    Inflação

    O ministro da Fazenda disse que não vê pressões inflacionárias na economia, ao fazer comentários sobre o IPCA-15, divulgado nesta terça-feira em linha com as expectativas do mercado.

    “Não estamos vendo pressões inflacionárias, núcleos de inflação muito comportados. É importante dizer isso porque fica todo mundo com medo do emprego, imaginando que a inflação vai bater a porta. E o que nós estamos vendo é que o emprego está vindo e os núcleos estão cedendo”, declarou o ministro ao abordar o debate em torno da pressão do mercado de trabalho aquecido nos preços.

    Haddad antecipou que os dados do Caged de julho, a serem divulgados amanhã pelo ministério do Trabalho, vão mostrar que as empresas voltaram a contratar mais do que demitir no Rio Grande do Sul, após a tragédia climática que devastou regiões do estado em maio.

    “Depois de dois meses de uma tragédia que ninguém sabia calcular a dimensão, hoje nós estamos com o Rio Grande do Sul com saldo positivo de contratação”, disse o ministro.

    Crédito

    Haddad disse que há razões para acreditar que o crédito continuará crescendo a um ritmo de dois dígitos, citando o impulso do marco de garantias no acesso aos financiamentos bancários.

    Ao mencionar durante conferência do Santander a previsão da Febraban, a associação dos bancos, que aponta a um crescimento de 10,3% na carteira de crédito neste ano, Haddad frisou que há “todas as razões do mundo” para imaginar que o crescimento vai continuar.

    Segundo o ministro, o novo marco legal das garantias, que amplia a disponibilidade de crédito ao reduzir o risco dos bancos, já produz efeitos positivos nas vendas de carros e motocicletas.

    “Acredito que o mercado imobiliário também sentirá os efeitos do novo marco de garantias, dado o aperfeiçoamento da lei”, declarou Haddad, chamando a atenção também ao efeito favorável da concorrência bancária nos spreads — isto é, a diferença entre as taxas de captação e as taxas cobradas pelos bancos ao consumidor.

    “Eu penso que o Brasil vai crescer mais e melhor porque nós estamos tomando as medidas necessárias para que isso aconteça”, declarou Haddad.

    Tópicos