Negociação com o Canadá pode suprir falta de fertilizante, diz especialista
Canadá é grande produtor de potássio, insumo que é utilizado na fabricação dos fertilizantes
O diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil, Marcio Remédio, falou à CNN, nesta quinta-feira (3), sobre o potencial geológico do Brasil e sobre as negociações da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, com o Canadá, para suprir a possível falta de fertilizantes no Brasil causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Anteriormente, durante entrevista à CNN, a ministra garantiu que o país não terá problemas de abastecimento e que o aumento de preços de alimentos depende do andamento dos conflitos no Leste Europeu. Segundo ela, o Brasil tem estoque de fertilizantes até outubro.
A ministra confirmou que o Ministério da Agricultura conversa com outros países como alternativa à importação de fertilizantes. Entre os citados, Tereza Cristina destacou conversas com o Canadá –para onde viajará em breve.
Para o especialista, o governo acerta ao fazer essa negociação, uma vez que o Canadá tem forte potencial na produção de potássio.
“Acredito que a ministra está no caminho correto. O Canadá é o maior produtor de potássio do mundo, tem estrutura e possibilidade de poder suprir essa necessidade, em decorrência desse conflito”, disse Remédio.
Entretanto, ele destacou que a atual situação do Brasil “não é confortável”, considerando que o país depende de 97% de potássio que é consumido internamente.
“O Brasil é um país que consome 10 milhões de toneladas desse material por ano, e isso é fundamental para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro”, afirma.
À CNN, o especialista diz que o cenário atual traz uma tensão ao nosso potencial geológico, “que aponta que temos condição de chegar à autossuficiência desse insumo”, quando a estrutura para produção de potássio for liberada para operação, após passar por controles ambientais.
‘A [mina] de potássio é próxima de Manaus, temos uma estrutura geológica comparável a essas maiores do mundo, a nossa estrutura é bastante semelhante a do Canadá, e tem o mesmo potencial”, conclui.