‘Não há mudança na política de preço da Petrobras’, afirma presidente da estatal
Contudo, diretor de Comercialização e Logística afirmou que companhia avalia eventuais reajustes
Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (27), o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, reforçou que não haverá mudança na política de preço dos combustíveis da empresa. Silva e Luna fez uma apresentação sobre a participação da Petrobras nos preços dos combustíveis e do GLP (gás de cozinha) ao lado de alguns membros da diretoria, como o diretor de Comercialização e Logística, Claudio Mastella, o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Rodrigo Araujo, e o diretor de Refino e Gás Natural, Rodrigo Costa Lima e Silva.
“Entendo como uma oportunidade para mostrar como a Petrobras tem participado de tudo isso. Começo afirmando que não há nenhuma mudança na política de preço da Petrobras. Continuamos trabalhando da forma como sempre trabalhamos”, disse.
Ao falar sobre os preços dos combustíveis, Silva e Luna destacou que o momento é “quase uma tempestade perfeita”, pois coincidem fatores como os impactos da pandemia, que ainda existem, a crise hídrica histórica, com consequências para a geração de energia, e a alta das commodities, em que o petróleo e o gás estão inseridos.
O presidente da companhia afirmou que trabalham “o tempo todo” avaliando o comportamento do mercado e de competidores, e, a partir daí, se a política de preço da empresa está adequada ou não. “A maneira como a Petrobras acompanha o preço internacional, as mudanças em relação ao câmbio, uma análise permanente para ver se essas mudanças são estruturais ou conjunturais”.
Questionado se o momento é de uma mudança estrutural ou conjuntural, o diretor de Comercialização e Logística, Claudio Mastella, respondeu que “pontualmente os preços estão defasados em alguns derivados”, mas que a companhia segue observando para um eventual ajuste ou não. “Depende de cenários, de perspectivas, e estamos avaliando. Temos que separar o movimento de flutuação do mercado, pois há diversos mercados que estão interagindo o tempo todo, em função de expectativas, isso é natural. E nós, por escolha, temos evitado passar para o mercado interno essa flutuação”, explicou Mastella.
De acordo com ele, o mercado internacional registra uma alta na procura por combustíveis, ao passo em que a oferta está reduzida. “Temos evitado e tomado muito cuidado para não repassar essa volatilidade para o mercado interno. Claro que nos últimos meses tiveram volatilidade no mercado internacional, e mais recentemente algumas mudanças significativas tanto por aumento na demanda, como na redução de oferta, principalmente nos Estados Unidos. Temos a perspectiva para o aumento na demanda e, em função disso estamos olhando com mais cuidado para a possibilidade de reajuste, sim”, disse o diretor em entrevista virtual.
“Acompanhamos todos os movimentos [do mercado]. Tivemos durante um momento o aumento da commodities, mas uma redução do câmbio. No momento que esse movimento [de alta] ficou mais aparente em todos os sentidos, nós analisamos todas as variáveis e o cenário começa a sinalizar a necessidade de fazer algum movimento”, reforçou Silva e Luna.
Os diretores também comentaram sobre um eventual subsídio para a compra de gás de cozinha pela população de baixa renda. “Esse tema passa pela companhia, mas é um tema de governo. A Petrobras, quando é convidada a contribuir, tem feito isso. Mas ela própria não pensa em fazer e como fazer. Ela tem responsabilidade social, mas não dentro desse tema”, disse Silva e Luna.
Em relação aos tributos incidentes, como o ICMS, o presidente também respondeu que o tema não cabe à empresa. “Sabemos que essa simplificação tributária é um tema antigo, mas isso não cabe à Petrobras.”
Segundo Silva e Luna, a Petrobras contribui para sociedade sendo uma empresa forte e competitiva, sendo sua maior contribuição a de pagamento de tributos e dividendo. “Essa é a contribuição que nós entendemos que a Petrobras pode fazer por seu país. Uma empresa competitiva, que se preocupa em manter o país abastecido. Entendemos que uma Petrobras saudável, contribui de forma efetiva para a sociedade brasileira.”
Alta dos combustíveis
Segundo levantamento da ANP divulgado na sexta-feira (24), o preço médio da gasolina subiu no Brasil pela oitava semana seguida nos postos, seguindo acima de R$ 6 por litro.
O valor da gasolina nos postos tem avançado ininterruptamente desde a primeira semana de agosto, de acordo com a agência reguladora. Seu concorrente direto nas bombas, o etanol também teve elevação, mostra a ANP, com valor médio indo de R$ 4,704 para R$ 4,715.
O presidente da Petrobras foi questionado sobre um relatório da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), que apontou defasagem de 14% no preço do diesel e 10% no preço da gasolina. Durante a coletiva, Silva e Luna voltou a defender a atual política de preços da Petrobras, que não foi alterada depois que ele assumiu o comando da estatal, em abril deste ano.
As críticas à política de preços da Petrobras partem inclusive do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, que indicou Silva e Luna para assumir o lugar que era de Roberto Castello Branco, executivo que manteve a política de preços suscetível a variações externas ao longo de sua gestão. Com um vídeo institucional e também apresentações em slides, Silva e Luna defendeu que apenas uma parte do valor pago pelo combustível fica com a estatal.
Na apresentação, Silva e Luna apontou que a Petrobras recebe cerca de R$ 2 por litro na bomba. Segundo ele, essa parcela se destina a cobrir os custos de exploração e de refino, investimentos, juros da dívida, impostos e participações governamentais. “Essa parte da petrobras referente a custos de exploração é um caminho longo. Começamos adquirindo direito de explorar o campo, pagamos por isso, iniciamos pesquisa. É um cenário de incertezas, vai ter pesquisa, tem que estruturar o campo para permitir a exploração. É um percurso longo para que se comece tudo isso.”