Na década da desoneração da folha, desemprego subiu e caiu conforme PIB e confiança
Empregos são criados em períodos de crescimento da economia e fechados com desconfiança dos empresários, mostram dados do IBGE



A iniciativa de reduzir impostos da folha de pagamento começou há mais de uma década, em 2011. Desde então, o benefício é repetidamente prorrogado.
Os números do mercado de trabalho mostram que, mesmo com o imposto menor, o desemprego oscilou para cima e para baixo nesse período na esteira de outro fator: o crescimento da economia e a confiança do empresariado.
Em mais de uma década de desoneração da folha de vários setores da economia, o desemprego viveu momentos muito distintos. Em 2013, por exemplo, o desemprego atingiu o piso de 6,3% — menor patamar da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na época, a força do mercado de trabalho foi observada após um período de sete trimestres seguidos de crescimento da economia, conforme dados do mesmo IBGE. Ou seja, a economia cresceu por quase dois anos ininterruptos — 21 meses seguidos — e, assim, empresas abriram novas vagas de trabalho.
Economistas citam que é o crescimento da economia e a confiança do empresariado que criam as condições para a geração de novos empregos. Aspectos tributários podem favorecer ou acelerar processos, mas não seriam determinantes para a geração ou fechamento de vagas.
Anos depois desse piso do desemprego, a economia brasileira passou por um grave problema de confiança e recessão. No primeiro trimestre de 2017, o desemprego atingiu 13,9% — quase o dobro do observado quatro anos antes.
A curva da atividade econômica também parece ser a causa desse aumento do desemprego no período. Dos 11 trimestres encerrados em março de 2017, houve contração do Produto Interno Bruto em nove trimestres.
Ou seja, o desemprego cresceu à medida que a economia perdeu força e a atividade diminuiu.
O momento atual da economia também parece ter a mesma causalidade. O desemprego tem caído sistematicamente nos últimos anos.
No terceiro trimestre de 2023, o índice estava em 7,7% — menor patamar desde 2014. A curva do Produto Interno Bruto (PIB) mostra que houve expansão da atividade nos últimos oito trimestres.