Ministra pede orçamento para Plano Safra e vê Brasil produzindo mais em 2022
Sem acordo sobre vetos, Congresso adiou na véspera votação de projeto que suplementa o Orçamento deste ano em quase R$ 20 bilhões
Com os preços do milho no mercado brasileiro em patamares recordes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse ver condições para a próxima safra de verão (2021/22) crescer acima de expectativas, mas avaliou que é importante que o Congresso Nacional vote logo temas relativos ao Orçamento, para que o ministério possa encaminhar o Plano Safra.
Sem acordo sobre vetos, Congresso adiou na véspera votação de projeto que suplementa o Orçamento deste ano em quase R$ 20 bilhões.
“Peço a ajuda que não se prorrogue muito esse projeto, porque é fundamental para que a gente possa bater o martelo sobre o Plano Safra”, disse a ministra nesta quarta-feira (5), na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
O Plano Safra é o principal instrumento de financiamento do Brasil, sendo fundamental para pequenos e médios agricultores. Em meados de abril, um representante do Ministério da Economia afirmou que o impasse no Orçamento ameaçava o programa agrícola do governo.
Segundo a ministra, itens do Orçamento são importantes para que o Ministério da Agricultura possa encaminhar proposta do Plano Safra 2021/22 para aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Ela indicou que há pressa, uma vez que o plano para a safra que será plantada entre setembro e outubro começa a vigorar em julho.
Mas destacou que as condições de mercado são favoráveis.
“Todas as expectativas que temos para a próxima safra de verão são de que será uma safra maior”, disse a ministra, lembrando que última colheita de grãos e oleaginosas no verão deve crescer cerca de 7%, ou um aumento de 17 milhões de toneladas, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Ela disse que a próxima safra verão –composta principalmente por soja, mas também por milho, arroz e feijão, entre outros produtos– deverá crescer acima das estimativas da safra atual.
Essa perspectiva está baseada, disse a ministra, nas compras antecipadas de insumos.
“Estão comprando tudo que o que tem de fertilizantes, e isso é um bom sinal. É um sinal que a agricultura continuará com boa expectativa”, declarou.
“Temos de rezar para chover”
Com relação ao milho segunda safra do ciclo atual, que vem sendo atingido por uma estiagem –algo que tem colaborado para os preços em patamares recordes no mercado brasileiro–, a ministra lembrou que a expectativa do governo é de uma produção acima de 80 milhões de toneladas, mas emendou que “tem que chover”.
“Temos de rezar para chover”, comentou.
Consultorias privadas estão reduzindo as projeções de segunda safra, e alguns já trabalham com números mais próximos 70 milhões de toneladas, como é o caso da StoneX, que reduziu esta semana a previsão para 72,7 milhões de toneladas.
Enquanto o impasse no Orçamento prossegue, o ministério conseguiu que o CMN aprovasse medidas que incluem a oferta de mais crédito e mecanismos de apoio à comercialização para apoiar os agricultores no incremento da produção do milho e também do sorgo em 2021/22.
Tereza Cristina ressaltou também que os preços das commodities agrícolas estão em alta porque o “mundo passa por crise de estoques baixos de soja e milho”.
“Temos desafio, só podemos combater preço aumentando a produção, este é o papel da agropecuária brasileira, produzir mais, mais e mais…”.