Mercados ainda não precificam aprovação da reforma tributária, diz especialista
André Carvalho, estrategista de ações do Bradesco BBI avalia que impacto real da reforma tributária no mercado financeiro só deve ser sentido no futuro
As várias etapas do processo de aprovação da reforma tributária, tema considerado controverso pelos vários agentes econômicos, fazem com que o mercado ainda não considere a aprovação do texto em suas avaliações. É o que afirma André Carvalho, chefe da área de pesquisa e estrategista de ações do Bradesco BBI.
“É um processo muito lento. O primeiro passo é um sinal muito positivo da classe política”, defendeu Carvalho sobre a discussão na Câmara dos Deputados. No entanto, ele adverte que o impacto que a reforma pode ter não deve ser precificado no dia em que a Câmara aprovar o texto.
A expectativa é que o primeiro turno da votação aconteça na noite desta quinta-feira (6) e o segundo na manhã da sexta-feira (7).
Na avaliação do especialista, apenas uma parte dos efeitos deve ser precificada se a aprovação acontecer. Ou seja, no curto prazo, seria possível esperar menos juros futuros, um câmbio mais apreciado e ações domésticas valorizadas.
“Isso valoriza os papéis porque melhora a perspectiva de lucros de uma forma bastante genérica”.
Carvalho avalia que se a reforma passar na Câmara, o Brasil dará um passo fundamental para alterar o sistema tributário nacional e tornar a economia brasileira mais competitiva.
Ele admite, no entanto, que apesar de acompanhar a discussão há anos, nunca viu uma maturidade política tão avançada para aprovação da reforma tributária quanto agora.
Com relação às discussões sobre os pontos divergentes do texto, na avaliação de André Carvalho, é preciso que os parlamentares se apeguem ao todo e deixem “as questões fundamentais” como refinamentos e detalhes, para depois.
“É quase um mantra, todo mundo fala que não é a reforma ideal. Na política a gente aprova o que é possível e não o que é o ideal”, afirmou.
Apesar de admitir que não considera a aprovação da reforma, o especialista defende que o texto é necessário, uma vez que existe a possibilidade de melhora do potencial de crescimento do país e de elevação da eficiência econômica.
Carvalho lembra que o Brasil sairia do uso de sistemas tributários para o uso de orçamentos.
“Seria um processo muito mais transparente, você deixaria de criar distorções profundas e passaria a ter uma discussão muito mais democrática de uso de recursos, por exemplo”, explicou.