Mercado financeiro reage bem à nomeação de novo ministro da Economia da Argentina
Sergio Massa deve assumir cargo na terça-feira (2), após formalizar sua renúncia como presidente da Câmara de Deputados


A nomeação de Sergio Massa como novo ministro da Economia da Argentina surtiu efeito no mercado financeiro. O dólar informal do país, que não é regulado pelo governo, fechou, nesta sexta-feira (29) a menos de 300 pesos pela primeira vez em 10 dias, o risco-país da Argentina diminuiu e os títulos em dólares do país se valorizaram.
Na breve gestão da economista Silvina Batakis no comando da pasta, o dólar paralelo chegou a atingir o recorde de 350 pesos, mas hoje recuou para 283. Já o risco-país retrocedeu para 2538 pontos, 134 a menos do que ontem.
O peronista Sergio Massa comandará o que está sendo chamado de “superministério” da Economia, por também reunir as pastas de Produção, Agricultura, Pecuária e Pesca, e coordenar as relações da Argentina com os organismos multilaterais de crédito.
Nesta sexta-feira, Massa se reuniu com Fernández na residência presidencial. Na saída do encontro, disse rapidamente para a imprensa local que só assumirá o novo cargo na terça-feira (2), quando formalizar sua renúncia como presidente da Câmara de Deputados do país, e anunciará um conjunto de medidas no dia seguinte.
Segundo a agência estatal de notícias da Argentina, Alberto Fernández conversou pela manhã por telefone com Kristalina Georgieva, diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre a mudança na área econômica do governo.
Um porta-voz do FMI negou, no entanto, que a comunicação tenha existido, segundo a agência Reuters. A Argentina tem uma dívida de US$ 44 bilhões com o fundo, devido a um empréstimo contraído em 2018 pelo ex-presidente Mauricio Macri.
Massa ocupará o lugar de Batakis, que assumiu a pasta após a renúncia do então ministro da Economia Martín Guzmán, no começo do mês. Vista como próxima ideologicamente a Cristina Kirchner, a ministra não conseguiu controlar a disparada do dólar informal da Argentina e dos preços.
Em junho, a inflação da Argentina foi de 5,3%, e estima-se que devido às recentes instabilidades, a de julho seja ainda pior. No primeiro semestre, os preços no país aumentaram mais de 36%, e a alta acumulada dos últimos 12 meses foi de 64%.
Nas redes sociais, Massa escreveu que não é um “salvador”, mas que trabalhará sem preconceitos, dialogando com diferentes setores sociais, políticos e econômicos, para contribuir para levar certezas e crescimento ao país.
Alberto Fernández, por sua vez, disse que a situação recente da Argentina exige “uma melhor coordenação” e o que chamou de “esforço solidário das forças produtivas”. O presidente argentino também disse que a realidade de muitas famílias argentinas sinaliza que o país não tem tempo a perder.
Fernández agradeceu especialmente a Batakis e ao agora ex-ministro do Desenvolvimento Produtivo, Daniel Scioli, “pelo compromisso político e desprendimento pessoal que demonstraram”.
A economista, que não durou um mês como ministra, assumirá o comando do Banco de La Nación Argentina. Já Scioli, que deixou a embaixada argentina no Brasil para assumir a pasta produtiva, deve voltar ao posto de embaixador em Brasília, segundo a Casa Rosada.