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    Mais pobres sentem queda nos preços em setembro ante inflação de 0,57% para mais ricos, diz Ipea

    Feijão, farinha de trigo, batata e carnes são alguns dos itens que contribuíram para a descompressão da inflação sentida pelas famílias com renda mais baixa

    Daniela Amorim, do Estadão Conteúdo

    A queda nos preços dos alimentos em setembro voltou a aliviar o custo de vida percebido pelas famílias de baixa renda, enquanto os combustíveis mais caros pressionaram a inflação sentida pelos mais ricos, informou nesta terça-feira (17), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

    O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostra que os preços na economia passaram de uma alta de 0,13% em agosto para uma queda de 0,02% em setembro para o segmento familiar de renda muito baixa. Para o grupo de renda alta houve aceleração, de 0,24% em agosto para um aumento de 0,57% em setembro.

    Em setembro, o principal alívio inflacionário partiu novamente do grupo Alimentos e Bebidas, repercutindo o quarto mês de quedas consecutivas dos preços dos alimentos para consumo no domicílio.

    “Assim como nos meses anteriores, em setembro, a deflação de itens importantes como feijão (-7,6%), farinha de trigo (-3,3%), batata (-10,4%), carnes (-2,9%), aves e ovos (-1,7%), leite (-4,1%) e óleo de soja (-1,2%) contribuiu para uma forte descompressão sobre os índices de inflação, sobretudo para as famílias com rendas mais baixas, dado o peso desses itens nas suas cestas de consumo.

    Ainda que em menor intensidade, as quedas nos preços dos aparelhos eletroeletrônicos (-0,8%) e dos produtos de higiene pessoal (-0,7%) fizeram com que os grupos artigos de residência e saúde e cuidados pessoais também contribuíssem negativamente para a inflação das famílias de menor poder aquisitivo”, justificou a técnica Maria Andreia Parente Lameiras, na Carta de Conjuntura do Ipea.

    Na direção oposta, os aumentos na energia elétrica (1,0%) e na gasolina (2,8%) pressionaram o orçamento doméstico em todas as classes de renda.

    “Observa-se, no entanto, que para os segmentos de renda mais alta, além do aumento dos combustíveis, as altas de 13,5% das passagens aéreas e de 4,6% dos transportes por aplicativo geraram uma contribuição ainda mais forte do grupo transportes, tendo em vista o peso destes serviços no orçamento destas famílias. De forma análoga, os reajustes de 0,7% dos planos de saúde e de 0,5% dos itens e serviços de recreação explicam o impacto exercido pelos grupos saúde e cuidados pessoais e despesas pessoais sobre a inflação das classes de maior poder aquisitivo”, apontou o Ipea.

    Com o resultado, a inflação acumulada nos 12 meses encerrados em setembro foi de 6,41% na faixa de renda alta e de 3,90% na faixa de renda muito baixa.

    O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, passou de uma elevação de 0,23% em agosto para alta de 0,26% em setembro. A taxa acumulada em 12 meses ficou em 5,19% em setembro.

    O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 2.015,18 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 20.151,76, no caso da renda mais alta.

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