Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Maersk suspende navegação pela principal rota comercial do Mar Vermelho “até novo aviso”

    Desvios da rota podem impactar economia mundial

    Navio da companhia foi atacado no final de semana por rebeldes Houthi
    Navio da companhia foi atacado no final de semana por rebeldes Houthi 10/08/2018 - REUTERS/Murad Sezer

    Hanna Ziadyda CNN

    Londres

    A Maersk suspendeu o transporte marítimo pelo Mar Vermelho e o Canal de Suez – uma das rotas comerciais marítimas mais importantes do mundo – “até novo aviso”, enquanto revê a segurança após ataque a um dos seus navios.

    A companhia marítima dinamarquesa introduziu inicialmente uma pausa de 48 horas nos trânsitos através do Mar Vermelho a partir de domingo (31), após o ataque de fim de semana por militantes Houthi ao Maersk Hangzhou.

    “Uma investigação sobre o incidente está em andamento e continuaremos a pausar todo o movimento de carga na área enquanto avaliamos melhor a situação em constante evolução”, disse a Maersk em comunicado na terça-feira (2).

    A suspensão prolongada reflete a preocupação entre as grandes empresas de navegação sobre os ataques a navios no Mar Vermelho por rebeldes iemenitas Houthi apoiados pelo Irã, que alegam estar se vingando de Israel pela sua campanha militar contra o Hamas.

    Uma campanha prolongada visando navios comerciais poderia perturbar a economia global, atrasando as entregas de bens, combustível e alimentos, e aumentando os preços.

    A abordagem aconteceu poucos dias depois de a Maersk ter retomado a navegação na área, após o estabelecimento de uma missão naval internacional liderada pelos Estados Unidos para proteger a navegação.

    A companhia informou que parte dos navios serão redirecionados para a rota que contorna o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul.

    Um calendário publicado no website da Maersk na segunda-feira (1º) mostrou que mais de 100 dos seus navios que navegam nas próximas semanas foram desviados.

    O Canal de Suez, que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo, normalmente transporta até 30% do comércio global marítimo.

    Outras grandes empresas de transporte marítimo também pararam de usar a hidrovia crítica devido aos ataques dos Houthis, incluindo Hapag-Lloyd, Evergreen Line e MSC Mediterranean Shipping Company.

    A perturbação nas cadeias de abastecimento globais já está aumentando os custos de transporte e prolongando prazos de entrega.

    “As viagens mais longas para serviços desviados significam prazos de entrega mais longos para os importadores e alguma ameaça de congestionamento portuário, embora até agora não tenha havido relatos de atrasos”, disse Judah Levine, chefe de pesquisa da empresa de logística Freightos.

    Ataque à embarcação

    “Após o ataque inicial, quatro barcos aproximaram-se do Maersk Hangzhou e abriram fogo na tentativa de abordar o navio”, disse a empresa.

    Os militares dos EUA disseram que seus helicópteros responderam aos pedidos de socorro do navio e afundaram três barcos operados pelos Houthis, matando os que estavam a bordo. Uma quarta embarcação fugiu da área.

    A empresa francesa CMA CGM disse na semana passada que aumentaria gradualmente o número de navios que transitam pelo Canal de Suez. A empresa se recusou a comentar mais na terça-feira, retomando seu comunicado de 26 de dezembro à CNN.

    Entretanto, a Hapag Lloyd da Alemanha disse que os seus navios continuariam a navegar ao redor do Cabo da Boa Esperança, dados os “incidentes” dos últimos dias.

    “Monitoramos a situação de perto, dia após dia, mas continuaremos a redirecionar nossos navios até 9 de janeiro”, quando a posição será revista novamente, disse um porta-voz da empresa à CNN na terça-feira.

    Taxas e ações disparam

    As ações da Maersk e da Hapag-Lloyd subiram no primeiro dia de negociação do novo ano, provavelmente impulsionadas pelas expectativas de que as empresas serão capazes de garantir taxas de envio mais altas em 2024.

    A Hapag-Lloyd foi negociada em alta de 3,6% às 13h30 (Horário de Brasília) de segunda-feira, enquanto a Maersk ganhou 6,4%.

    Ambas as empresas anunciaram novas tarifas nas últimas semanas para transportar mercadorias ao longo das rotas comerciais mais movimentadas do mundo.

    De acordo com dados da Freightos, o custo para transportar um contêiner comum de 40 pés de Xangai para Nova York subiu para uma média de quase US$ 5.000 (R$ 24.593,50) esta semana, acima dos US$ 3.500 (R$ 17.215,45) em meados de dezembro.

    Enviar um carregamento do mesmo tamanho de Xangai para Roterdã, o porto mais movimentado da Europa nos Países Baixos, custará cerca de US$ 2.400 (R$ 11.804,88), acima dos US$ 1.800 (R$ 8.853,66) em meados de dezembro.

    Os “preços totais” de US$ 5.000 a US$ 8.000 (R$ 39.349,60) por contêiner para as principais rotas comerciais com origem na Ásia seriam 2,5 a 4 vezes acima dos “níveis normais” para esta época do ano, de acordo com Levine da Freightos.

    Embora seja um aumento significativo, ainda está de 45% a 75% abaixo do “pico pandêmico” no final de 2021, acrescentou.

    Veja também: Ataques no Mar Vermelho ameaçam economia global