Lula critica modelo de gestão da Vale e diz que “cachorro com muito dono morre de fome”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o modelo de gestão da Vale e disse que, com tantas participações societárias, nas quais “um monte de gente” tem 2% e 3% da companhia, é como um “cachorro de muito dono”, que morre de fome e sede.

“A Vale, que tinha uma diretoria, eu sabia quem era o presidente, a gente sabia quem era. Hoje nessa discussão que a gente está, de fazer um acordo para receber dinheiro de Mariana, o dinheiro que prometeram pro povo, você não tem dono. Uma tal de corporate que não tem dono, monte de gente com 2%, monte de gente com 3%. É que nem cachorro de muito dono, morre de fome, morre de sede porque todo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou”, disse.

Lula seguiu dizendo que se chegou “no cúmulo da ignorância”, em que as estatais estavam “praticamente proibidas de vender serviço ao estado, mesmo que oferece preço mais barato”.

“É ignorância levada a sétima potência, um estado que não se respeita, governo que não tem visão de estado, tem coisas que tem ser inexoravelmente do estado. É assim na Alemanha, EUA, França”, pontuou.

As falas foram feitas em visita do presidente ao Centro de Operações Espaciais Principal (Cope-P) da Telebras, em Brasília, e ocorrem um dia após o Conselho de Administração da Vale escolher Gustavo Pimenta, atual vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores, como novo presidente da companhia. Ele assume o comando da empresa em 28 de fevereiro de 2025.

A escolha do novo CEO sepulta meses de indefinição após o fim do mandato do atual presidente, Eduardo Bartolomeo, que terminou em maio, mas vai ficar até a transição para o novo comando.

Nesse meio tempo, houve a tentativa de emplacar um aliado de Lula no comando da mineradora — o nome cogitado foi do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.