Locadora Hertz pede proteção contra falência nos Estados Unidos
Setor de aluguel de carros vem sofrendo com pandemia e ações da empresa despencaram 82% em 2020
Gigante do ramo de aluguel de veículos, a Hertz pediu proteção contra falência nesta sexta-feira (22) nos Estados Unidos. A empresa é a última vítima recessão econômica iniciada pela pandemia do novo coronavírus.
Está no ramo desde 1918, quando começou a operar com uma dúzia de Model Ts, da Ford, e sobreviveu à Grande Depressão, à paralisação de produção de veículos nos EUA durante a Segunda Guerra e vários choques no mercado de petróleo. Ao declarar falência, a Hertz afirma que pretende se manter ativa enquanto reestrutura suas dívidas e se prepara para sair da crise como uma empresa mais saudável financeiramente.
“O impacto da Covid-19 na demanda por viagens foi repentino e dramático, causando um declínio abrupto nas receitas da empresa e em reservas futuras”, diz o comunicado da companhia. “Ainda é incerto quando o dinheiro vai voltar a entrar e quando o mercado de casos usados vai reabrir completamente para vendas, o que fez com que a ação de hoje fosse necessária.”
É possível argumentar que este é o pedido de falência de maior repercussão durante a crise provocada pelo novo coronavírus. Empresas varejistas como JCPenney, Neiman Marcus e J.Crew, e do setor de energia como Whiting Petroleum e Diamond Offshore Drilling, não têm, em suas áreas, a representatividade que a Hertz carrega no segmento de aluguel de carros. Ela domina a indústria americana ao lado da Avis Budget e da Enterprise.
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Todo o mercado de aluguel de veículos foi devastado durante a pandemia, já que dois terços da receita do ramo vem de lojas em aeroportos. Desde o início de abril, o número de pessoas passando por aeroportos norte-americanos caiu 94% se comparado à mesma época do último ano.
Declarar falência não quer dizer que uma empresa terá que cessar suas operações. Diversas companhias já passaram por este processo e recuperam seus lucros, inclusive a montadora General Motors e diversas companhias aéreas. Outras tantas iniciaram o processo com intenção de seguir operando e não sobreviveram.
A empresa afirma que terá, a partir do mecanismo, “uma estrutura financeira mais robusta, posicionando-se para o futuro enquanto navega pelo que pode ser um período prolongado de recuperação do setor de turismo e da economia global como um todo”.
Para além da Hertz, a empresa também controla as marcas Dollar, Thrifty e Firefly. 12 mil funcionários serão demitidos na América do Norte e outros 4 mil estão com contratos suspensos. As ações da companhia caíram 7,5% na sexta-feira (22) e já despencaram 82% em 2020. Os papéis se desvalorizaram ainda mais no after market e devem se tornar inúteis durante o processo de falência.
No início do ano, contava com 38 mil funcionários nos EUA, um quarto deles representados por sindicatos. Tinha também 568 mil veículos e 12,4 mil locações espalhadas pelo mundo, um terço delas em aeroportos.