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    Lama, lixo e emoção: eletricista relata à CNN trabalhos para devolver luz ao RS

    No início da tragédia, 570 mil unidades chegaram a ficar sem luz no estado, afetando cerca de 2 milhões de pessoas

    Danilo Moliternoda CNN

    Luís Cláudio Barreto recebeu com emoção a convocação do Ministério de Minas e Energia (MME) para ir ao Rio Grande do Sul ajudar a restaurar a energia elétrica no estado, que vem sendo assolado por chuvas e enchentes há mais de um mês.

    “Fiquei muito emocionado de fazer parte desta ação. A gente entende que é uma tarefa humanitária. Todo o time estava muito motivado no embarque, com o próprio ministro [Alexandre Silveira, do MME] nos dando força”, disse.

    Técnico de Campo da Light, empresa de distribuição de energia do Rio de Janeiro, Luis embarcou na Base Aérea do Galeão, no último dia 21, ao lado de mais de cem especialistas em redes subterrâneas. A tarefa a eles imbuída foi de devolver a luz ao estado.

    A rede subterrânea de Porto Alegre e região metropolitana — arena dos profissionais que viajaram ao estado — contam com mais de 500 quilômetros de cabo e 300 transformadores instalados. Os consumidores desta região são atendidos principalmente pelas distribuidoras CPFL e Equatorial.

    Também viajaram ao Rio Grande do Sul funcionários de outras distribuidoras, além de outros 4 mil profissionais que já trabalhavam no estado naquele momento. Os especialistas devem, na teoria, realizar testes e reparos em cabos e equipamentos, mas, na prática, os desafios vão além.

    Com 25 anos de experiência na Light, Luis não titubeia ao afirmar: “nunca vi algo assim”. Quando não há metros de parede d’água impedindo o avanço dos profissionais, quilômetros de barro, detritos e lixo deixados pelas inundações são obstáculos para o trabalho, relata o técnico.

    Além disso, por vezes, os danos aos equipamentos tornam o reparo impossível e é necessária substituição total dos dispositivos. Isso ocorre por conta da pressão que as paredes d’água, que ultrapassam cinco metros de altura em alguns casos, exercem sobre os equipamentos.

    “É uma coluna de água enorme, completamente fora dos padrões, muito alta. A pressão sobre os equipamentos é fortíssima”, explica.

    O trabalho dos especialistas começa às 6h, cedo para aproveitar ao máximo a luz do dia. Quando o sol se põe, os eletricistas se recolhem, mas não param: se reúnem à noite para planejar as estratégias do dia seguinte.

    No início da tragédia, 570 mil unidades chegaram a ficar sem luz, afetando cerca de 2 milhões de pessoas. Até a terça-feira (28), a energia de 470 mil pontos foi restabelecida. Cerca de 100 mil permanecem no escuro quando o sol se põe.

    O ministro Alexandre Silveira, chefe da força-tarefa, explicou em entrevista à CNN que os profissionais dependem do recuo das águas para reestabelecer as demais unidades. “É necessário ter acesso a estes pontos, mas com segurança. Este processo é naturalmente mais lento”, explicou.

    “À medida em que a água vai baixando, vamos avançando na recuperação da rede. A gente veio para ajudar as pessoas, vemos que é desafiador, que é um trabalho muito grande, mas viemos para prestar essa ajuda humanitária. A energia elétrica é essencial”, completa Luis, que segue no Rio Grande do Sul.