Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Julho deve ter inflação de -0,5%, segundo coordenador do Índice de Preços da FGV

    Reduções na gasolina e energia elétrica devem causar maior deflação desde 1998

    Pauline Almeidada CNN , no Rio de Janeiro

    O mês de julho deve registrar uma inflação de -0,5%, impulsionada pela queda nos preços da gasolina e da energia elétrica. A projeção é do coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz.

    Caso se confirme, seria a maior deflação desde agosto de 1998, quando a taxa foi de -0,51%, segundo a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Após um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 0,67% em junho, a desaceleração, segundo Braz, é causada principalmente pela redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

    A limitação da alíquota em até 18% nos setores de energia e combustíveis, por meio de uma lei nacional, fez cair os preços da conta de luz e especialmente da gasolina.

    No entanto, o economista da FGV chama a atenção que o efeito do ICMS deve ser pontual, absorvido neste mês de julho e, em menor escala, em agosto.

    “A redução de imposto veio para ficar, então dá essa queda e acabou. E a gente vê ainda uma persistência grande [da inflação] em alimentos. O índice de difusão deve vir bem acima de 60%, quase lá em 70%. Você vai ver uma deflação, com um índice de difusão alto, aquele que mostra o percentual de produtos e serviços da cesta de consumo das famílias que subiram de preço”, apontou.

    Braz também destaca que a deflação não deve ser sentida pelas famílias de baixa renda, que têm o consumo pautado em alimentos, cujos preços devem seguir em alta, após uma inflação da categoria de 0,8% em junho.

    “O mais curioso é que essa questão do ICMS não atende a população de baixa renda porque o pobre não coloca gasolina no carro, nem tem carro para colocar gasolina. E as famílias mais humildes também usam um volume de energia que antes dessa mudança de ICMS já era tributada em até 18%”, destacou o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da FGV.

    Para agosto, André Braz prevê mais um possível mês de deflação por conta de efeitos nos combustíveis, com quedas anunciadas pela Petrobras nos preços da gasolina e do diesel, não inteiramente captadas pelo IBGE em julho.

    Já para o ano, o economista projeta uma inflação de 7,2%, mas destaca que o cenário econômico vive uma série de incertezas, que podem mudar fatores de uma hora para outra. Ele avalia que a inflação, que registrou, em junho, um acumulado de 11,89% em 12 meses, deve cair devido aos preços da commodities e também o efeito em cadeia da redução da energia elétrica, que impacta desde a produção da indústria até a venda em supermercados.

    “Por enquanto, como o mundo está colocando um pé na recessão, isso normalmente esfria o preço de muitas commodities agrícolas e minerais. Minério de ferro, milho, soja, trigo, em resposta a esse risco de recessão e uma demanda mais fraca por conta disso, já começam a mostrar queda no preço. Isso pode fazer com que a inflação desacelere mais do que a gente consegue antecipar no momento”, declarou.

    Mas Braz lembra que a redução da inflação precisa vir acompanhada de incentivo às atividades econômicas. O economista destaca que o governo terá o desafio de aquecer o cenário, especialmente em 2023, mesmo diante das renúncias fiscais aprovadas, que devem impactar a arrecadação e, consequentemente, nos recursos disponíveis para investimentos.

    “A gente não precisa só controlar a inflação, mas também gerar emprego. Sem emprego, as famílias não têm renda. O que adianta uma inflação baixa e as famílias sem dinheiro para comprar?”, colocou.

    Tópicos