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    Itaú reduz para 12% projeção para Selic em 2023; estimativa para inflação cai para 5,1%

    Decisão do CMN de manter a meta de inflação e a confirmação dos novos diretores do BC foram fatores importantes para as revisões do banco

    Iasmin Paiva , São Paulo

    O Itaú de reduziu de 12,25% para 12% ao ano sua projeção para a taxa básica de juros ao final de 2023 e já espera uma redução da Selic em agosto, quando acontecerá a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

    Para 2024, a projeção para os juros foi reduzida de 10% para 9,5%. As informações são do relatório que o banco divulgou nesta segunda-feira (10).

    De acordo com o documento, dois fatores foram importantes para a revisão do banco: a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de manter a meta de inflação e a confirmação dos novos diretores do BC

    No final do mês passado o CMN manteve o alvo da inflação em 3% para 2026 – com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo – e aprovou a adoção da meta contínua perseguida pelo BC a partir de 2025.

    A nova projeção do Itaú para os juros está em linha com a revisão que o Boletim Focus trouxe na semana passada, quando a mediada das expectativas dos economistas ouvidos pelo Banco Central para a Selic ao fim de 2023 caiu de 12,25% para 12%.

    Para Mario Mesquita, economista-chefe do banco que assina o relatório, a decisão do Conselho contribuiu para reduzir a percepção geral de risco, bem como o risco referente a esse tema específico.

    Enquanto isso, na última semana, o Senado Federal aprovou as indicações de Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino Santos para compor a diretoria do Banco Central.

    Galípolo ficará à frente do Departamento de Política Monetária, e Aquino vai chefiar a Superintendência, ambos com mandato de quatro anos. O Itaú reforça a importância de acompanhar as primeiras declarações públicas dos executivos sobre política monetária.

    Contudo, a “resiliência da atividade econômica, a pouca folga do mercado de trabalho, a inflação em patamares elevados (principalmente nos núcleos dos índices), a perspectiva de manutenção da taxa de juros alta dos DMs (mercados desenvolvidos) e o significativo desafio fiscal são fatores que ainda pedem cautela para as projeções de inflação no médio prazo”, destaca o banco.

    Mesquita avalia que esses fatores ressaltam a importância da parcimônia no processo de afrouxamento monetário, com cortes graduais nos juros.

    Cortes em breve

    Já a perspectiva de um corte, de 13,75% para 13,5%, já no próximo mês acontece após a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

    Segundo Mesquita, a avaliação da ata representou uma “grande mudança” de tom em relação ao comunicado divulgado logo após a reunião, o qual sinalizava que o cenário base só seria amenizado em setembro.

    No último mês, paciência, serenidade, cautela e parcimônia foram as palavras que deram o tom na ata do Comitê do Banco Central (BC). A avaliação predominante entre os membros do comitê foi de que o processo desinflacionário em curso pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar “um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.

    O relatório do Itaú pontua que a “parcimônia” mencionada no texto da ata do Copom dá a entender que o movimento de corte de agosto será “limitado em magnitude”, mas já calcula cortes de juros acelerando para 50 pontos-base (pb) nas reuniões seguintes.

    “Ainda que a curva de juros já incorpore a possibilidade de movimentos mais acentuados, esperamos que o ciclo de flexibilização prossiga em um ambiente em que os núcleos e as expectativas de inflação recuam de patamares elevados, a atividade econômica segue resiliente e o mercado de trabalho aquecido”, avalia Mesquista.

    Para o economista-chefe, esses elementos devem incentivar a cautela das autoridades no momento de afrouxamento da política monetária.

    PIB e inflação

    O Itaú ainda reduziu sua projeção para inflação em 2023, de 5,3% para 5,1%. O novo valor incorpora o corte de preço da gasolina nas refinarias e a menor inflação de produtos industriais.

    A expectativa do banco para 2024 se manteve em 4,4%, enquanto uma “menor inércia deve ser compensada por um mercado de trabalho ainda pressionando a inflação de serviços no próximo ano”.

    Já as previsões para Produto Interno Bruto (PIB) foram mantidas pelo Itaú, que enxerga um crescimento de 2,3% da economia em 2023, e de 1,5% em 2024.

    “Apesar dos efeitos do aperto monetário, a atividade econômica e o mercado de trabalho seguem mostrando resiliência”, explica o economista-chefe do banco em relatório.

    Por último, as estimativas para o mercado de trabalho também não foram alteradas. O banco avalia uma taxa de desemprego em 8% para este ano e o próximo.

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