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    IPCA reforça expectativa de queda da Selic em agosto, mas afasta corte robusto, dizem especialistas

    Índice de junho marcou primeira deflação de 2023 (0,08%); por outro lado, veio levemente acima das expectativas do mercado financeiro, que projetava recuo de 0,10%

    Da CNN* , São Paulo

    A deflação de 0,08% registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho reforça a expectativa de corte na taxa básica de juros em agosto, mas afasta a ideia de que esta queda pode ser robusta — segundo especialistas consultados pela CNN.

    O dado de junho marcou o primeiro IPCA negativo em 2023. Por outro lado, veio levemente acima das expectativas do mercado financeiro, que projetava deflação de 0,10%.

    Economista-chefe do Banco Master e professor de economia da FGV-SP, Paulo Gala destaca que o acumulado de 12 meses do IPCA (em 3,16%) coloca o dado dentro da meta de inflação (de 3,25%).

    Ao considerar deflações registradas no segundo semestre de 2022 (que saem do acumulado anual conforme o ano de 2023 avança), a tendência é de que o dado aumente nos próximos meses.

    “Outro destaque positivo é o índice de difusão, que caiu de 55,9% para 49,6%, o menor dos últimos meses. É uma boa notícia, que mostra que os preços estão bem comportados”, diz o professor.

    A economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, explica que parte dos dados negativos da divulgação se tratam de choques “sazonais” e devem ser revertidos na sequência do ano.

    Os serviços, por exemplo, tiveram inflação de 0,62%. Um dos preços que puxaram este avanço foi o das passagens aéreas, que sazonalmente aumentam nos momentos que precedem as férias de julho.

    “Esse movimento não deve ser lido como perene, mas um choque que deve ser revertido. A característica como um todo deste indicador é positiva: preços importantes para a política monetária (como artigos de residência) mostram deflação”, disse a especialista.

    Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, aponta como outro destaque positivo da divulgação a média dos núcleos. “A média caiu para 0,2%, bem abaixo da média histórica que fica por volta da casa dos 0,4-0,5%”, explica.

    Já o Bradesco avalia, em relatório, que a composição do IPCA de junho foi pior do que a esperada, especialmente nos serviços subjacentes, que já haviam apresentado pressão adicional no IPCA-15 de junho. “Vale lembrar que os subjacentes são mais sensíveis ao ciclo econômico e têm sido acompanhados de perto pelo Banco Central, como evidenciado nas últimas comunicações”, diz o banco.

    Queda no juro

    Para Paulo Gala, a divulgação do IPCA de junho reforça afasta a expectativa de que a Selic será cortada em 0,25 p.p. pelo Banco Central (BC) em agosto, mas frustra os que esperavam uma queda de 0,50 p.p..

    Estrategista Chefe da Constância Investimentos, Alexandre Lohmann reitera a interpretação de que agosto trará um corte de 0.25 ponto percentual. Além disso, acredita que o IPCA de junho gera cenário no qual o corte de setembro deve estar na mesma casa.

    O economista da XP Investimentos Alexandre Maluf, também avalia que as métricas de serviços seguem rodando acima da meta de inflação e reforçam a visão de que o BC iniciará o ciclo de flexibilização da política monetária de forma cautelosa, com um corte inicial de 0,25 ponto porcentual em agosto.

    A projeção da XP é que, após esse corte inicial, o BC realize cortes maiores de 0,50 ponto a partir de setembro, encerrando o ano com Selic em 12%.

    Já a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, vê o debate ainda aberto sobre a robustez do corte. “Dado o resultado, vemos o caminho aberto para o início do ciclo de cortes na reunião de agosto, mas o debate entre um corte de 0,25 p.p. ou 0,50 p.p. deve continuar”, indica.

    *Com informações de Danilo Moliterno e Iasmin Paiva.

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