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    IPCA acima do esperado frustra expectativas de aceleração nos cortes de juro, dizem especialistas

    IBGE divulgou alta de 0,42% em janeiro para o índice que mede a inflação, acima do esperado pelo mercado

    Entrada da sede do Banco Central, em Brasília
    Entrada da sede do Banco Central, em Brasília 22/03/2022REUTERS/Adriano Machado

    Da CNN*

    Grupo de maior peso no bolso das famílias, os alimentos fizeram a inflação de janeiro, medida pelo IPCA, exceder as expectativas de analistas e, consequentemente, frustrar previsões de uma possível aceleração do ritmo de corte de juros pelo Banco Central.

    Após se acomodarem ao longo do ano passado, os preços de alimentos registraram a maior alta para o primeiro mês do ano em oito anos.

    “No final das contas, quem esperava que esse IPCA de janeiro chancelasse uma eventual aceleração do corte de juro para a próxima reunião acabou se frustrando”, disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou alta de 0,42% em janeiro para o índice que mede a inflação. A expectativa do mercado era de que o índice rondasse os 0,34% para o mês, segundo pesquisa da Reuters.

    Para Sanchez, o dado deve impactar os olhares do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), mas não a ponto de desacelerar seu atual plano de voo, de cortes em 0,50 ponto percentual.

    Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master reitera que o dado veio “ruim” e projeta impacto em contrato de juros futuros (DIs).

    Segundo o especialista, o resultado reforça discussão sobre a possibilidade de a recuperação da economia e aquecimento do mercado de trabalho — tendência no início deste ano — pressionar a inflação na sequência de 2024.

    “E é óbvio que isso vai impactar na decisão do Copom sobre sua Selic terminal, se em torno de 8% ou 9%”, completa. A taxa está em 11,25% ao ano atualmente.

    Na análise do Banco Inter, em fevereiro é possível que haja reversão nos preços de commodities alimentares, contribuindo para uma desaceleração da inflação de alimentos. Assim, não haveria impacto nas decisões do Copom.

    “Ainda assim, não acreditamos que esses sinais ainda não são suficientes para ensejar uma mudança na condução da política monetária por parte do Copom”, indica.

    No acumulado de 12 meses até janeiro, o IPCA teve alta de 4,51%, contra alta 4,62% do mês anterior.

    Para este ano, o centra da meta para a inflação, medida pelo IPCA, é de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

    Alimentos

    A alta do grupo Alimentação e Bebidas acelerou 1,38% no mês do ano, de 1,11% em dezembro, maior alta para um mês de janeiro desde 2016 (2,28%).

    Paulo Gala destaca entre as altas o registro de 0,76% nos serviços subjacentes — aqueles menos voláteis e vulneráveis à sazonalidade.

    “O aumento nos preços dos alimentos é relacionado principalmente à temperatura alta e às chuvas mais intensas em diversas regiões produtoras do país”, explicou o gerente da pesquisa, André Almeida.

    A alimentação no domicílio ficou 1,81% mais cara em janeiro, influenciada sobretudo pelo avanço nos preços da cenoura (43,85%), da batata-inglesa (29,45%), do feijão-carioca (9,70%), do arroz (6,39%) e das frutas (5,07%).

    “Historicamente, há uma alta dos alimentos nos meses de verão em razão dos fatores climáticos, que afetam a produção, em especial, dos alimentos in natura, como os tubérculos, as raízes, as hortaliças e as frutas. Neste ano, isso foi intensificado pela presença do El Niño”, completou Almeida.

    *Publicado por Danilo Moliterno.