Para analistas, IPCA-15 fortalece perspectiva de que política monetária será mais dura
Índice divulgado pelo IBGE foi impulsionado por "mercado de trabalho apertado" e alta nas tarifas de energia
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (24) o resultado prévio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) para outubro, que registrou aumento de 0,54%, acima das expectativas. O número fortalece, segundo especialistas, a visão de que o Banco Central pode acelerar seu processo de alta dos juros.
No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação saltou de 4,1%, em setembro, para 4,5%. Segundo especialistas, os números foram motivados pelo cenário do mercado de trabalho nacional, alta nas tarifas de energia elétrica e contexto hídrico prejudicial para o país.
Em análise realizada pelo Itaú, o número foi um pouco abaixo das expectativas da instituição financeira, que estimava aumento de 0,56%. O destaque positivo ficou por conta das passagens aéreas, que abaixaram mais do que o estimado. Já o aumento do combo de telefonia, internet e TV veio acima das expectativas. A oscilação era esperada pelo banco, “refletindo o mercado de trabalho apertado, uma vez passada a deflação de cinema e seguro de veículos”.
Para os especialistas da Necton Investimentos, alguns dos principais setores que impulsionaram o índice foram o de serviços subjacentes, que registrou aumento de 0,59%, e de serviços intensivos de trabalho, com alta de 0,37%. Devido ao “contexto de hiato positivo, expectativas de inflação desancoradas e câmbio pressionado”, a expectativa é de que a taxa de juros aumente para controle da inflação, necessidade já registrada pelo Comitê de Política Monetária (Copom)
Os analistas do Bank of America explicam que, na sua visão, o resultado foi motivado pela crise hídrica enfrentada em diversas regiões do Brasil, o que afetou diretamente o fornecimento de energia elétrica, elevando a tarifa para a bandeira vermelha 2, um patamar acima do cobrado em setembro.
A expectativa do grupo para a inflação de 2024 foi atualizada, subindo dos 3,9% para os 4,4%, baseado em fatores como o cenário pior do que o esperado desde junho e a previsão pessimista quanto ao preço da carne.
“Temos hoje uma notícia bem salgada sobre a inflação. A aceleração do IPCA-15 em outubro sinaliza uma inflação mais persistente do que o desejado, o que pode exigir um ajuste mais agressivo da política monetária. Dos nove grupos, oito tiveram alta. O aumento nos preços de habitação, especialmente da energia elétrica, e alimentos eleva o custo de vida, pressionando o Banco Central a manter uma postura mais rigorosa com a taxa de juros”, comenta Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.
“Embora o setor de transportes tenha aliviado a pressão, o cenário ainda é inflacionário chegando cada vez mais perto do teto da meta, assim como já previsto no Boletim Focus dessa semana. Tudo isso deve influenciar a decisão do Banco Central na próxima reunião da Selic, a considerar, inclusive, um aumento de 0,50%”, completa
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