Intenção de consumo das famílias cai 0,5% em janeiro, 2ª queda consecutiva, diz CNC
Confederação também informou que o nível de satisfação permanece acima dos 100 pontos
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) começou 2024 em queda, registrando um recuo de 0,5% em janeiro ante dezembro, marcando o segundo resultado negativo consecutivo e mostrando cautela por conta de despesas específicas do início do ano.
Apesar disso, o nível de satisfação permanece acima dos 100 pontos, informou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
“A manutenção do nível de satisfação sinaliza que, mesmo com desaquecimentos, não há uma visão predominantemente negativa por parte dos consumidores, ou seja, não sinaliza uma crise no consumo. Na variação anual, houve crescimento de 12,8%, ou seja, os consumidores estão mais positivos em janeiro de 2024 do que estavam em janeiro de 2023”, explicou a CNC em nota.
Desde setembro, a variação do ICF ano contra ano vem perdendo tração, sugerindo que mais consumidores estão revisando as suas perspectivas quanto ao consumo. A causa dessa tendência de desaquecimento é justificada pelos outros componentes do ICF, com destaque para as perspectivas quanto ao acesso a crédito, momento para duráveis e perspectiva para o consumo atual.
“A desaceleração da inflação em 12 meses desde setembro do ano passado ajudou as famílias a serem mais positivas em relação à renda atual, tendo uma sensação de maior poder de compra. Tanto que este item atingiu o maior patamar desde março de 2015”, disse a Confederação, ressaltando que a melhora do mercado de trabalho, mesmo que em menor ritmo, também influenciou o resultado.
Consciência
De acordo com a CNC, o comportamento dos subindicadores do ICF sinaliza que pode estar iniciando a alteração da trajetória em direção a uma perspectiva mais positiva para a compra de duráveis.
Mas, apesar da sensação de maior riqueza, a entidade destaca que o início do ano exige maior controle do orçamento devido às contas específicas do período (IPTU, IPVA, matrícula escolar etc.) e dispensa dos trabalhadores temporários de fim de ano, fatores que levam a maior cautela no momento da compra.
“A maior parte da população ainda acredita ser um mau momento para consumo desses bens duráveis (59,5%), porém foi o menor porcentual desde março de 2020. Essa proporção está sendo substituída por aqueles que sentem ser um bom momento para essas compras, tendo o maior porcentual (33,7%) desde março de 2020”, informou, ressaltando que a retração da intenção de consumo atual não é um fator negativo, já que mostra maior consciência das famílias brasileiras quanto às suas finanças.
O direcionamento da renda para pagamento de dívidas passadas e contas geradas no mês freou a evolução do consumo, ao mesmo tempo em que ainda há preocupação com o mercado de trabalho.
“Os indicadores em relação ao mercado de trabalho apresentaram resultados melhores do que no ano passado; no entanto, desde o mês passado, vêm mostrando preocupação com o emprego, nas taxas mensais. O subindicador do ICF de perspectiva profissional vem retraindo de forma mais intensa e em um período maior, desde julho de 2023”, explicou a CNC.