Informalidade e retomada dos serviços puxam redução do desemprego, aponta Ipea
Estudo do instituto, vinculado ao Ministério da Economia, destaca que indicador de desocupação recuou para 13,7%, após ter alcançado 14,7% em março


A redução do desemprego no Brasil ao longo de 2021 foi puxada pelo aumento do trabalho informal e pela retomada no setor de serviços.
A conclusão é de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicado no Boletim Mercado de Trabalho: conjuntura e análise, produzido pelo instituto. Os dois atributos combinados ajudaram a reduzir a taxa de desemprego, que foi de 14,7% em março para 13,7% em junho.
O estudo utilizou informações das duas principais pesquisas de emprego no país: a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), do IBGE, e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e da Previdência, recriado em julho pelo presidente Jair Bolsonaro por meio de Medida Provisória. As atribuições da pasta vinham atreladas ao Ministério da Economia desde o início do atual governo.
A pesquisa mostra ainda que, apesar da recuperação gradual observada no mercado de trabalho a partir de julho de 2021, os rendimentos dos trabalhadores apresentaram queda de 2,2%, algo que o instituto atribui ao impacto da pandemia.
Editor da publicação e pesquisador do Ipea, Sandro Pereira Silva entende que os níveis apresentados pela pesquisa ensejam preocupação, apesar de retratarem melhora.
“As taxas de desocupação e informalidade ainda se encontram em patamares elevados. Por outro lado, os estudos revelam que o ritmo de recuperação da população ocupada vem se acentuando nos últimos meses, a ponto de reduzir a taxa de desemprego. Houve ainda variações preocupantes em indicadores de desalento, subocupação e renda do trabalho”, afirmou.
De acordo com a PNAD Contínua divulgada em outubro pelo IBGE, o país tem 13,7 milhões de pessoas em busca de trabalho. O número de trabalhadores ocupados cresceu 4% e chegou a 90,2 milhões. Assim, o nível de ocupação está em 50,9%. Em um ano, segundo a pesquisa do IBGE, o contingente de ocupação aumentou em 8,5 milhões de pessoas.
Na ocasião, a pesquisa sinalizou ainda que esse aumento de ocupação no período foi impulsionado pela expansão da informalidade, que representou 41,1% dos postos no trimestre encerrado em agosto. Uma realidade para as vidas de 37 milhões de pessoas: número maior que o de trabalhadores com carteira assinada no setor privado: 31 milhões de pessoas.
A pesquisa mostrou ainda que o Brasil tem 5,3 milhões de desalentados: pessoas que deixaram de buscar trabalho por conta das condições estruturais do mercado. O número caiu 6,4% no trimestre anterior. Em relação ao mesmo período do ano passado, eram 5,9 milhões de brasileiros nesta situação.