Inflação global ainda não foi controlada em meio a discussões sobre corte de juros, diz BIS
Banco internacional analisa perspectiva de "posuo suave", mas sem garantia
As principais economias do mundo estão no caminho certo para um “pouso suave”, mas a inflação ainda não foi totalmente derrotada, alertou o chefe do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) nesta segunda-feira (18), num momento em que as autoridades de política monetária estão discutindo os méritos de cortar os juros ante máximas em várias décadas.
A inflação global em mais da metade no ano passado e alguns bancos centrais já estão reduzindo a política monetária ultrarrestritiva na esperança de que possam preservar o crescimento e manter suas economias funcionando após os choques consecutivos da pandemia e do aumento da inflação.
“Parece que estamos a caminho de um pouso suave”, disse Agustín Carstens, diretor-geral do BIS, em um discurso em Frankfurt. “A inflação mais baixa veio a um custo notavelmente pequeno para a economia real”.
Entre os maiores bancos centrais do mundo, o Banco Central Europeu poderia ser o primeiro a se movimentar em junho, seguido pelo Federal Reserve em junho ou julho, e pelo Banco da Inglaterra talvez em agosto, de acordo com as expectativas atuais do mercado.
No entanto, alguns indicadores recentes sobre a inflação subjacente em ambos os lados do Atlântico levantaram temores de que o crescimento dos preços poderia ser mais persistente do que sugerem algumas das expectativas mais benignas existentes.
“Entretanto, um pouso suave não é garantido. O trabalho dos bancos centrais ainda não terminou. Embora a inflação esteja mais baixa, ela ainda está acima das metas dos bancos centrais. E certamente haverá mais obstáculos no caminho”, disse Carstens.
Ele também alertou que uma série de fatores, como a desglobalização, a fragmentação econômica, as tendências demográficas adversas e a necessidade de combater a mudança climática, manterão os preços sob pressão no médio prazo, exigindo que os bancos centrais cumpram suas promessas de reduzir a inflação.