Inflação dos EUA é alimentada por demanda doméstica intensa, diz economista
Ex-vice-presidente do Banco Mundial avaliou as estratégias do banco central norte-americano para conter a inflação no país
Em entrevista à CNN, nesta quarta-feira (6), o ex-vice-presidente do Banco Mundial Otaviano Canuto comentou sobre a inflação nos Estados Unidos. Segundo o economista, os pacotes de transferência de renda geraram um superaquecimento na economia e, consequentemente, na demanda do país.
Para o economista, parte da inflação atual foi gerada por conta do aumento da demanda doméstica.
“Pode-se fazer uma crítica à agenciosidade excessiva do segundo pacote de transferências dele [Biden] do ano passado, que superaqueceu a economia americana a tal ponto que hoje, as estimativas do Fed de São Francisco, são de que dois terços da inflação não são explicáveis pelo choque nos preços de energia e pelo choque dos preços de alimentos, mas tem a ver com o grau superaquecido que a economia americana se encontrou até recentemente”.
Canuto diz que, em tais condições, “é preciso apertar o freio da demanda agregada”.
O Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) tenta conter o aumento mais rápido da inflação em 40 anos. Na ata da reunião de política monetária de 14 e 15 de junho, divulgada nesta quarta-feira, a autoridade mostra que continua firme na intenção de aliviar a escalada dos preços, ainda que o custo disso seja desacelerar ainda mais a economia norte-americana.
Desta forma, uma alta da taxa básica de juros de 0,50 ponto percentual ou de 0,75 p.p., assim como o aumento anunciado na última reunião, ainda está sobre a mesa.
Sobre as expectativas de novos aumentos da taxa, Canuto disse que o objetivo de conter a inflação é prioritário para o Fed, visto que, “as consequências de não fazê-lo, caso a inflação mude para um regime de alta, serão ainda piores”, disse.
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