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    Inflação ao motorista ultrapassa os 18%, e é quase o dobro da inflação geral

    Levantamento revela que, enquanto a inflação ao motorista chegou a 18,46% nos últimos 12 meses, o índice global apresentou alta de 9,57%, segundo o IPC-10

    Mylena Guedesda CNN* , no Rio de Janeiro

    Manter um carro no Brasil ficou mais caro. É o que revela um levantamento especial feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), que mostrou que os preços de itens relacionados à aquisição e manutenção de veículos subiram quase o dobro da inflação geral nos últimos 12 meses.

    Para o motorista brasileiro, a inflação chegou a 18,46% nesse período, enquanto o índice global registrou alta de 9,57%, segundo dados do IPC-10 (Índice de Preços ao Consumidor, da FGV). O combustível é o principal vilão para este cenário.

    Desde novembro do ano passado, a gasolina subiu 40,46%. Já o etanol pesou ainda mais no bolso dos motoristas, registrando uma alta de 64,45%.

    Os condutores que tentaram economizar e optaram por ter um carro a gás, viram o GNV subir 37,11%. O pesquisador da FGV, Matheus Peçanha, afirma que o preço doméstico da gasolina e do gás natural veicular seguem as cotações do petróleo e do câmbio.

    “O valor do barril tem subido consecutivamente por causa da política da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de restrição na produção, enquanto o câmbio sofreu muita desvalorização desde o início da pandemia. Já o etanol seguiu a conjuntura da cana-de-açúcar, que teve a produção afetada com a estiagem que já dura mais de um ano e as geadas do inverno passado”, explica Peçanha.

    Alta no preço de veículos

    A pressão vai além dos combustíveis, e está ligada também à linha de produção dos veículos. Quem quiser comprar um automóvel novo, vai encontrar valores 11,27% mais altos, em média. Já uma moto nova está cerca de 7,85% mais custosa. Peçanha ressalta que a escassez de matéria-prima causou a elevação de preço ao consumidor final.

    “A indústria automotiva teve um grave problema ao longo desse ano com escassez de matéria-prima para fabricação de chapas, peças e acessórios, o que causou praticamente uma ausência de automóvel e motocicleta novos e encareceu o processo de produção”, diz.

    Os automóveis usados também não dão alívio para o bolso, já que acumulam uma alta de 8,44% no período de 12 meses. Além disso, o item “peças e acessórios” sofreu um aumento de 12,06%.

    “As peças e acessórios no mercado secundário seguiram obviamente a mesma tendência derivada do mesmo problema de matéria-prima. E os automóveis usados tiveram um aumento de demanda, como consequência dos automóveis novos em menor número e mais caros no mercado”, explica o pesquisador.

    Também foram analisados os valores dos estacionamentos, que apresentaram alta de 2,41%. Já o aluguel de veículos apresentou aumento de 2,31%.

    O levantamento mostra ainda que o único item que apresentou redução, ainda que pequena, foi o seguro facultativo para carros. O serviço teve uma queda de 0,23% desde novembro do ano passado.

    (*Sob supervisão de Helena Vieira)

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