Impacto da alta de juros nos EUA não é tão preocupante para o Brasil, diz economista
À CNN Rádio, o ex-vice-presidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto, avaliou que, mesmo com fuga de capital de países emergentes, situação brasileira está em posição melhor
O aumento de juros pelos bancos centrais de países desenvolvidos, como nos Estados Unidos e na Europa, acelera a saída de capital financeiro dos países emergentes, como o Brasil.
No entanto, na avaliação do ex-vice-presidente do Banco Mundial Otaviano Canuto, a situação brasileira é menos preocupante do que das demais nações que têm economias mais frágeis.
Em entrevista à CNN Rádio, ele explicou que a economia do Brasil “tem seus problemas para crescer e dificuldades”, mas que o impacto da subida de juros – usada como subterfúgio para conter a inflação – não é de “situação pré-catástrofe, como já foi no passado.”
Isso porque, de acordo com Canuto, hoje, o Brasil tem “saldo de transações comerciais e de serviços com o mundo em posição melhor do que em 2013, por exemplo.”
“Nesses anos para cá, assistimos a um aumento nas reservas no Brasil, além de ter a dependência do financiamento público em relação à investidores do exterior menor.”
Um outro fator é que o Brasil “já vinha subindo juros como resposta ao repique inflacionário.”
Diante das circunstâncias, Otaviano Canuto vê que o dólar seguirá a tendência de subir em relação ao real, e admite que a situação não deixa de ser desafiadora, mas reforça que “não levará à crise.”
O economista ainda reforçou que os investidores em países emergentes encaram risco maior do que nas economias avançadas e têm de ter diferencial de retorno “para que se sintam à vontade para trazer recursos para cá.”
É este o movimento que leva à fuga de capital, porque, à medida que os juros aumentam nos países desenvolvidos, “a equação de juntar retorno com risco maior vira ao contrário”, favorecendo economias mais ricas.
*Com produção de Alessandra Ferreira