Indústria acumula alta de 1,8% em 4 meses de avanços seguidos, mostra IBGE
Produção industrial cresceu 0,3% em maio ante o mês anterior, após expansões de 0,2% em abril, 0,6% em março e 0,7% em fevereiro
A indústria brasileira mostrou melhora na produção nos últimos quatro meses, quando acumulou uma expansão de 1,8%. No entanto, o desempenho ainda foi insuficiente para recuperar a queda de 1,9% registrada em janeiro. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta terça-feira (5).
Segundo André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, a indústria brasileira apresenta uma mudança de comportamento, que agora traz um desempenho da produção predominantemente mais positivo, mas ainda “completamente insuficiente para eliminar as perdas recentes desse setor industrial”.
“O setor industrial engata quatro meses seguidos de crescimento na produção, mas fazendo essa ressalva, que não elimina sequer a queda de janeiro”, disse André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.
A produção industrial cresceu 0,3% em maio ante o mês anterior, após expansões de 0,2% em abril, 0,6% em março e 0,7% em fevereiro. Entretanto, a produção ainda opera em patamar 1,1% inferior ao de fevereiro de 2020, no pré-pandemia.
“Passados dois anos, o setor industrial ainda está abaixo daquele patamar”, frisou Macedo.
A melhora no desempenho da indústria nos últimos quatro meses pode estar relacionada às medidas do governo de liberação de recursos extraordinários para as famílias, como os saques do FGTS e a antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas. Essa renda extra para as famílias estaria ajudando o setor industrial, assim como a redução da taxa de desemprego no mercado de trabalho, considerou Macedo.
Por outro lado, a indústria permanece negativamente afetada pela restrição na oferta de insumos e componentes, assim como pela inflação pressionada e pelos juros elevados, que impactam o poder de compra das famílias e a demanda doméstica.
Em maio, apenas 13 das 26 atividades investigadas operavam em nível superior ao pré-crise sanitária. Os patamares mais elevados em relação a fevereiro de 2020 foram os registrados pelas atividades de máquinas e equipamentos (22,6%), derivados do petróleo e biocombustíveis (5,9%), produtos de madeira (4,9%) e minerais não metálicos (4,8%).
“Máquinas e equipamentos para o setor agrícola e para a construção são dois que ajudam nessa manutenção desse setor bem acima do patamar pré-pandemia como um todo”, justificou Macedo.
No extremo oposto, os segmentos mais distantes do patamar de pré-pandemia são móveis (-23,6%), artigos de vestuário e acessórios (-19,8%), veículos (-14,2%) e perfumaria e produtos de limpeza (-10,2%).
Entre as categorias de uso, a produção de bens de capital está 16% acima do nível de fevereiro de 2020, e a fabricação de bens intermediários está 1,7% acima do pré-covid. Os bens duráveis estão 25% abaixo, e os bens semiduráveis e não duráveis estão 5,8% aquém.
Na passagem de abril para maio, o avanço na indústria foi resultado de uma expansão em 19 dos 26 ramos pesquisados. As principais influências positivas partiram de máquinas e equipamentos (7,5%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (3,7%).
Outras contribuições positivas relevantes foram de produtos alimentícios (1,3%), couro, artigos para viagem e calçados (9,4%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (5,5%), outros equipamentos de transporte (10,3%), produtos diversos (9,0%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (7,5%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,6%).
Na direção oposta, entre as sete atividades com redução, as perdas mais significativas foram as de indústrias extrativas (-5,6%) e outros produtos químicos (-8,0%)
Por categorias de uso, a produção da indústria de bens de capital cresceu 7,4% em maio ante abril, enquanto a de bens intermediários recuou 1,3%. A fabricação de bens de consumo duráveis subiu 3,0% e a dos semiduráveis e os não duráveis teve elevação de 0,8%.
Segundo André Macedo, a magnitude de alta dos bens de capital tem explicação na base de comparação baixa (a categoria vinha de uma perda de 6,8% em abril), mas a melhora em maio foi disseminada. Os destaques foram os avanços na fabricação de bens de capital que ficam dentro da indústria e nos bens de capital para transportes, como os caminhões, mas também houve aumentos em bens de capital para os setores de energia elétrica, construção e agricultura.
Quanto ao recuo em bens intermediários, Macedo considera que foi algo pontual, uma vez que o grupamento permanece ainda acima do patamar pré-pandemia e teve o mau desempenho do mês de maio explicado por perdas nas atividades de indústrias extrativas e de outros produtos químicos.