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    IBGE e Conab esperam avanço da safra, e agro pode melhorar o PIB 2023

    Estimativas para safra deste ano foram revisadas para cima nesta quinta-feira (13)

    Danilo Moliternoda CNN , São Paulo

    A divulgação de novas estimativas de produção agrícola pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trouxeram boas notícias para o agronegócio — e para a economia brasileira como um todo — nesta quinta-feira (15). É o que avaliam especialistas consultados pela CNN.

    A Conab passou a estimar a produção de grãos no Brasil para o ciclo 2022/23 em 312,5 milhões de toneladas, um acréscimo de 40,1 milhões de toneladas na comparação com 2021/22 (alta de 15%). Há um acréscimo de mais de 2,5 milhões de toneladas em relação à última projeção da autarquia, de março.

    Já o IBGE divulgou que estima a safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas em 299,7 milhões de toneladas para 2023. Há avanço de 36,5 milhões de toneladas em relação a 2022 (alta de 13,9%). Em relação à última projeção, o número teve acréscimo de 1,6 milhão de toneladas.

    Felippe Serigati, pesquisador do FGV Agro, explica que efeitos climáticos adversos reduziram estimativas nos primeiros meses do ano. Ele destaca a relevância das revisões positivas para o setor.

    “Chegar em março com estimativa de 312 milhões de toneladas é uma boa notícia. Nós estamos falando claramente de uma safra recorde. No entanto, o que está em aberto é a dimensão deste recorde. Vai ser 40 milhões de toneladas acima do nosso antigo recorde? 40 milhões é muita coisa”, aponta.

    Assessor técnico da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Tiago Pereira reitera o movimento descrito por Serigati e indica que ultrapassar o “marco dos 300 milhões” era uma expectativa do setor há anos.

    “Ultrapassar esse marco de 300 milhões de toneladas é uma expectativa do setor há muito tempo. Isso reflete o potencial da agricultura brasileira, que desde a safra 2020/21 vinha sendo frustrada. Essa revisão para cima é muito positiva”, aponta.

    O pesquisador da FGV Agro ainda destaca que, entre entre os três principais setores da economia, o agronegócio é o único que deve apresentar crescimento robusto em 2023, de acordo com dados da FGV. O avanço projetado é de 8% para o ano — enquanto as principais estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional ficam abaixo de 1%.

    Para Tiago Pereira, o estímulo gerado pelo agro vem mostrando potencial para guiar o crescimento econômico do país neste ano. Com certeza [vem guiando o crescimento]. A gente estima grande [crescimento do] PIB agropecuário neste ano. E essa taxa de variação é explicada em parte por essa safra recorde”, diz

    Serigati destaca que o crescimento do PIB do setor se deve — além das safras recordes — a uma base estreita registrada em 2022. Ainda pontua que este avanço faz com que o setor se descole dos demais da economia.

    “Provavelmente o que veremos são regiões de atividade agropecuária predominante com comportamento descolado. Natural que Centro-Oeste, uma parte do Nordeste, o interior de São Paulo, de Minas Gerais, tenham crescimento, enquanto regiões metropolitanas apresentem dificuldades de ter ritmo semelhante”.

    Estimativas e perspectivas positivas

    A divulgação da Conab mostra ainda expectativa de que a área plantada tenha crescimento de 3,3%, o que corresponde à incorporação de 2,5 milhões de hectares, chegando a 77 milhões de hectares. Os dados estão disponíveis no 7º Levantamento da Safra de Grãos.

    Segundo a autarquia, o bom desempenho é explicado não só pelo aumento de área, como também pela melhoria da produtividade de culturas como soja, milho, algodão, girassol, mamona e sorgo. Há destaque, contudo, para o fato de que o resultado consolidado depende do comportamento climático, fator preponderante para as 2ª e 3ª safras.

    A projeção do IBGE mostra que a área a ser colhida deve ter crescimento de 3,9% frente a 2022, com acréscimo de 2,9 milhões de hectares, alcançando 76,1 milhões de A estimativa consta no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto.

    “O clima está bom na maioria das Unidades da Federação produtoras, assim como os preços, o que leva o produtor a ampliar a área plantada. Na primeira safra, ele aumenta a produção da soja; na segunda, a do milho. Essa é a segunda maior estimativa e recorde da série histórica. A produção de milho e de soja também são recordes”, apontou Carlos Barradas, gerente do LSPA, em nota do IBGE.

    Segundo Felippe Serigati, mesmo com os ajustes divulgados nesta quinta, ainda há espaço para novas revisões positivas para o setor em 2023. Ele reitera que as condições climáticas devem ditar o ritmo de crescimento.

    “Dependendo de como vier o outono e o inverno, haverá necessidade sim de fazer revisões nestes dados. Sobre se a perspectiva é favorável ou não, claramente acho que temos uma perspectiva favorável. Devemos operar entre segunda e terceira safra com clima neutro ou El Niño. E ainda assim, até o fim das colheitas, o El Niño deve ser bem moderado”, aponta.

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