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    Herdeira da Disney critica cortes de empregos enquanto chefes ‘colecionam bônus’

    Abigail Disney, sobrinha-neta de Walt Disney, não tem papel dentro da empresa e lamentou o afastamento de cerca de 100 mil funcionários na crise da COVID-19

    Jordan Valinsky, , da CNN

    A cineasta Abigail Disney, uma das herdeiras do conglomerado de entretenimento Walt Disney, se disse pasma com a decisão da companhia em cortar pagamentos de cerca de 100 mil funcionários de seus parques durante a crise do coronavírus, entre demissões e licenças não remuneradas. Em uma série de tuítes, ela afirmou que dividendos pagos a diretores cobririam três meses de salários.

    “Que p… é essa?”, escreveu a neta do irmão de Walt Disney, Roy Disney, em sua rede social. 

    Na série de postagens, a herderia apontou contradições entre o desligamento de funcionários do parque temático e os pagamentos de dividendos aos acionistas e grandes bônus a executivos.

    A Disney não divulgou informações sobre pagamentos de dividendos em 2020 e, após a crise do coronavírus, os principais executivos da empresa anunciaram que cortariam substancialmente seus próprios salários.

    A Walt Disney Company anunciou no início deste mês que dispensou funcionários “cujos empregos não são necessários no momento”. A pandemia de coronavírus forçou a empresa a suspender temporariamente grande parte de suas operações, incluindo parques, resorts e produções de entretenimento.

    Mais de 75% dos 223.000 funcionários da companhia trabalham na divisão de Parques e Produtos. Dezenas de milhares dos funcionários dos parques ganhavam o equivalente ao salário mínimo americano, de US$ 15 por hora em 2018.

    Abigail Disney há tempos é uma crítica feroz à remuneração excessiva de executivos da empresa e às condições de trabalho da maioria dos funcionários. A herdeira declarou que a Disney não cuida de seus “trabalhadores mal remunerados”, enquanto “patrões colecionam bônus notórios há anos”.

    Anteriormente, ela já havia considerado “insano” o salário do ex-CEO Bob Iger, que renunciou em fevereiro e foi substituído por Bob Chapek. Apesar de deixar o posto, Iger segue na diretoria da empresa e em 2018 faturou cerca de US$ 47.525.560, o que representava 911 vezes o salário médio do trabalhador.

    “Que tipo de pessoa se sente confortável com isso?”, tuitou Abigail Disney, pedindo a Chapek e Iger que reconsiderassem seus salários e devolvessem parte do dinheiro à empresa.

    “A Disney enfrenta alguns anos difíceis, com certeza”, escreveu a herdeira. “Mas isso não constitui permissão para continuar pilhando e violando sua administração”.

    Durante a pandemia, Chapek teve um corte de 50% nos salários, enquanto Iger disse que renunciaria a todo o seu salário. A empresa não respondeu imediatamente ao pedido de comentário da CNN sobre o caso.

    Abigail Disney não tem um papel dentro da empresa.

    “Sou apenas uma cidadã que se importa e acho que isso me deixa livre para dizer o que acredito”, disse ela na terça-feira. “Sou uma herdeira. E eu carrego esse nome (Disney) comigo em todos os lugares. Tenho uma consciência que dificulta a minha presença quando vejo abusos ocorrendo em associação a esse nome”.

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