Haddad diz que governo estuda parceria com os EUA por meio de lei climática
Para ministro, acordo poderia ser "jogo de ganha-ganha" entre os dois países
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (19) que o governo avalia a possibilidade de estabelecer uma parceria com os Estados Unidos a partir da lei americana Inflation Reduction Act (Lei de Redução da Inflação, em tradução livre).
“Nós estamos estudando o Inflation Reduction Act atentamente e detalhadamente, buscando verificar em que condições e com que regras o Brasil poderia estabelecer parcerias com os Estados Unidos, nos valendo dessa legislação e nos valendo das vantagens competitivas que o Brasil tem”, disse o ministro, em entrevista a jornalistas em Nova York.
A lei citada por Haddad trata sobre incentivo às questões climáticas e energéticas do país.
“Eu penso que pode ser jogo de ganha-ganha dos Estados Unidos com o Brasil, se essa parceria ambiental for feita no âmbito do Inflation Reduction Act”, acrescentou.
O ministro disse ainda que a emissão de títulos verdes no exterior deve acontecer nas próximas semanas.
Para Haddad, o plano de transformação ecológica começa “com algumas medidas legislativas que já estão em curso”.
“A reforma tributária tem uma dimensão ecológica, o crédito de carbono já está no Senado, o Combustível do Futuro já está na Câmara, a emissão de títulos vai acontecer nas próximas semanas. Então, tem uma série de providências que já estão sendo tomadas”, disse o ministro.
Haddad citou ainda outras providências, como os leilões de linha de transmissão para energia eólica.
“Foram R$ 8 bilhões de linhas de transmissão para, basicamente, a energia eólica. A parceria da Petrobras com a Weg, sobre energia eólica. A parceria com a Universidade de São Paulo sobre hidrogênio verde, a partir do etanol”, acrescentou.
Ele destacou ainda que o setor privado também “está fazendo sua parte”.
“Ficaram todos [investidores] espantados com o desenvolvimento da semente de cana-de-açúcar, que vai dobrar a produtividade por hectare da produção de cana no Brasil. Já imaginou se a gente dobra a produção de cana e consegue fazer o hidrogênio verde a partir do etanol e abastece os carros com hidrogênio verde? É uma coisa que talvez tenha impacto maior do que o próprio carro elétrico”, disse.
Na última segunda-feira (18), o ministro confirmou que o valor inicial da emissão dos títulos verdes deve corresponder a R$ 10 bilhões. Ele ressaltou, porém, que o montante ainda é “muito pequeno”.
“Mas o que nós queremos, de fato, é, no médio prazo, estabelecer processo em que o Brasil seja visto como país onde se possa produzir produtos verdes, não apenas energia limpa, não apenas minerais estratégicos, mas produtos verdes. Nós temos clareza de que isso é possível: convencer empresas nacionais e internacionais a se fixarem no Brasil para o desenvolvimento de produtos verdes”, completou.
Publicado por Amanda Sampaio, da CNN.
