Governo demite “por justa causa” presidentes da TAP
Ministros das Finanças e da Infraestrutura esclareceram que o resto da administração da companhia aérea não vai cair
A CEO da TAP Air Portugal, Christine Ourmières-Widener, e o chairman, Manuel Beja, vão ser afastados dos seus cargos na companhia aérea. Eles estavam à frente da empresa desde junho de 2021.
A decisão foi tomada pelo governo do país depois do relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) relacionado a indenização de 500 mil euros dada a Alexandra Reis, que chegou a ser nomeada secretária de Estado do ministro Fernando Medina.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira (6) pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, que explicou que a exoneração dos dois administradores é realizada por justa causa, não havendo lugar ao pagamento de indenização aos dois profissionais.
Justificando as decisões anunciadas, Fernando Medina disse ainda que “o governo toma as decisões que considera necessárias para o bom funcionamento da TAP e para um virar de página”. O ministro da Infraestrutura, João Galamba, também marcou presença no anúncio da decisão.
Questionados pelos jornalistas, os ministros esclareceram que o resto da administração da companhia aérea não vai cair. Segundo eles, o atual presidente da SATA, Luís Rodrigues, vai assumir os dois cargos de forma temporária, sendo que o ministro das Infraestruturas referiu que deverá ser nomeado um presidente da comissão executiva mais tarde.
“Enfrentando de frente os problemas como fazemos e de forma completa, tenho a plena confiança de que a TAP prosseguirá com sucesso o caminho da sua sustentabilidade futura, que passará pela privatização de uma parte do seu capital”, disse ainda o ministro das Infraestruturas.
Apesar de reconhecer “os méritos da atual administração” na implementação do plano da empresa, Fernando Medina considerou que este episódio abalou a confiança que os portugueses tinham na TAP.
“Era essencial recuperar esse laço de confiança entre o país e a empresa. A TAP não é uma empresa qualquer, é uma empresa especial no nosso país, pela sua dimensão e importância econômica. Consideramos que era importante marcar este virar de página no sentido de haver uma estabilização”, sublinhou.
Fernando Medina garantiu ainda estar confiante de que a companhia aérea prosseguirá, “com sucesso”, o caminho para a sua sustentabilidade, que passa “pela privatização de uma parte do seu capital”.
Já sobre as consequências políticas deste processo, o governante afirmou que não pode ser criticado pelas decisões que não tomou, sublinhando que “assume plenamente” as responsabilidades que lhe cabem.
A verificação feita pela IGF da legalidade da indenização paga a Alexandra Reis foi determinada no dia 27 de dezembro do ano passado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, e pelo então ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
Alexandra Reis esteve apenas 25 dias como secretária de Estado do Tesouro no Ministério das Finanças, liderado por Medina. Saiu no fim de 2022 e mais tarde fez cair todo o Ministério das Infraestruturas e da Habitação, com Nuno Santos como ministro.