Governo avalia impactos de escalada entre Israel e Irã para trocas comerciais
Avaliação é de que tamanho dos riscos dependem da evolução dos fatos; rotas de comércio internacional são pontos de atenção
O governo brasileiro passou a acompanhar com ainda mais atenção possíveis impactos da escalada do conflito entre Israel e Irã para seu comércio exterior. Na terça-feira (1º), Teerã lançou uma onda de mísseis contra Tel Aviv e, na sequência, o exército israelense prometeu retaliação.
A avaliação de membros da gestão federal é de que, consideradas as trocas do Brasil com estes dois países, os riscos associados ao comércio exterior são limitados neste momento. A “evolução dos fatos” poderia mudar este cenário.
Ex-secretário de Comércio Exterior (Secex) do governo (2007-2011), Welber Barral reiterou esta perspectiva à CNN: os efeitos por ora seriam limitados, mas impactos futuros, por exemplo sobre rotas de comércio, podem potencializar os danos ao comércio exterior brasileiro.
Deve-se acompanhar, por exemplo, os impactos do conflito sobre o Estreito de Ormuz, entre os golfos de Omã e Pérsico, por onde passa 21% de todo o petróleo do planeta; e sobre o Canal de Suez, que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, movimentando 7% do petróleo e 12% do comércio mundial.
Há temores de que tensões na região dificulte a movimentação de mercadorias por estas rotas, encarecendo o frete ou até impossibilitando o transporte de itens.
Relação com Irã e Israel
Dados da Secex do governo mostram que o Brasil trocou em 2023, US$ 4,3 bilhões com Irã e Israel — sendo US$ 2,3 bilhões com o Teerã e US$ 2 bilhões com Tel Aviv.
No caso do Irã, 99% deste valor são exportações ao país do Oriente Médio, com quase três quartos deste montante concentrados em soja e milho. A relação é positiva para a balança comercial do país, abastecendo o Brasil com quase US$ 2,3 bilhões.
Já em relação ao Israel, as importações (US$ 1,3 bilhões) são quase o dobro das exportações (US$ 661 milhões). Quase metade das compras do Brasil (45%) são fertilizantes. Cerca de 4,2% dos fertilizantes importados vêm do país do Oriente Médio.