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    Governistas pedem que Lula antecipe indicação à presidência do BC para conter incertezas e dólar alto

    Senador que defende a ideia tem levado possibilidade a seus pares e ministros; economistas não creem que antecipação geraria estes efeitos

    Danilo Moliternoda CNN

    Parlamentares governistas vêm defendendo que o presidente Lula antecipe o anúncio de sua indicação à presidência do Banco Central (BC), a fim de reduzir incertezas entre investidores e conter o dólar.

    O mandato de Roberto Campos Neto à frente da autarquia se encerra no fim deste ano.

    Um dos principais patrocinadores da ideia é o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que vêm se reunindo com outros senadores da base e ministros em defesa da antecipação.

    O emedebista chegou a argumentar em prol da ideia em suas redes sociais, na terça-feira (2).

    Para Calheiros, ao indicar o perfil do indicado e suas qualificações, o presidente Lula diluiria incertezas.

    Um dos principais cotados para assumir a posição hoje ocupada por Campos Neto é Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC e ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

    Em conversa com a CNN, o senador Otto Alencar (PSD-BA) reiterou a percepção de que a antecipação da indicação poderia ter resultado positivo em dissipar as tensões.

    Para o parlamentar, as recentes especulações sobre Campos Neto assumir cargo em hipotética candidatura de Tarcísio de Freitas ao Planalto foram responsáveis por “tumultuar o ambiente”.

    A alta do dólar nas últimas semanas levou a moeda norte-americana ao maior patamar em mais de dois anos, se aproximando dos R$ 5,70 na terça-feira (2).

    Um modelo da BRCG Consultoria indica que mais de 80% da desvalorização do real no primeiro semestre deste ano se deve a causas domésticas.

    A valorização da moeda americana frente ao real aconteceu em meio a intensificação das críticas do presidente Lula à gestão do BC.

    O presidente vem afirmando que a atuação do Banco não deveria estar “a serviço do mercado”.

    Economistas consultados pela CNN ponderaram sobre se antecipar a indicação do presidente do Banco Central seguraria as incertezas e a moeda americana.

    Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, afirma que tal efeito só seria gerado caso fosse indicado um nome de perfil “mais comprometido com as metas de inflação” do que aqueles que estão no radar do mercado hoje.

    Economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale não crê que o anúncio do novo presidente geraria estes efeitos e, pelo contrário, prevê que este movimento levaria insegurança à percepção sobre a autonomia do Banco Central.

    “A ideia é ter uma gestão técnica e afastada da política. Se na primeira troca de presidentes houver antecipação, se perde credibilidade”.

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