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    Golpe com Pix: saiba quais são os casos mais comuns e como se proteger

    Segundo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), muitas ocorrências são associadas a roubos de identidades nas redes sociais

    Luiza Palermoda CNN* , São Paulo

    Desde o seu lançamento, em 2020, o Pix facilitou a vida de muitos consumidores, se popularizando rapidamente por ser um método de transferência eletrônica fácil e prático.

    No entanto, não demorou muito para surgirem relatos de golpes envolvendo a ferramenta, deixando muitas pessoas preocupadas e com a necessidade de se protegerem.

    Levantamento da fintech de proteção financeira Silverguard mostra que quatro em cada dez brasileiros já foram vítimas de alguma tentativa de fraudes com o Pix.

    Neste universo, um em cada cinco caiu no golpe.

    Para entender melhor como esses golpes acontecem e como se proteger, a CNN conversou com a coordenadora do programa de serviços financeiros do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim. Confira as dicas a seguir:

    Golpes mais comuns  

    Para a especialista, os golpes mais frequentes com o Pix são os associados com o roubo de contas nas redes sociais, em que o golpista adota a identidade de uma pessoa e começa a se passar por ela, pedindo dinheiro para amigos e parentes.

    “O golpista se apresenta para a pessoa como sua mãe, pai, irmão ou filho e pede dinheiro para fazer um pagamento de uma conta, boleto e até transferência para outro indivíduo, sempre se apresentando com esse grau de parentesco e de amizade”, afirma.

    Segundo Amorim, esses casos se caracterizam pela chamada “engenharia social” que consiste no criminoso, ao invadir um perfil, interpretar o tipo de relação que a vítima estabelece com as pessoas do seu núcleo e reproduzir esse comportamento.

    “Então, vai parecer natural [o contato com golpista] para quem está recebendo esse tipo de pedido, fazendo parecer que é mesmo aquela pessoa porque ela [a engenharia social] explora o máximo dessa vulnerabilidade nas relações pessoais para conseguir seus objetivos, que é fazer com que a pessoa seja convencida e faça a transferência”, completa.

    Outros casos que ganharam bastante evidência nos últimos tempos foram os golpes no comércio eletrônico.

    Nesses casos, as vítimas são atraídas por grandes promoções de produtos de empresas falsas, que muitas vezes usam a imagem de empreendimentos já consolidados no mercado, mas que foram criadas para aplicar esses golpes.

    “Além de ser uma oferta enganosa, a pessoa paga com o Pix achando que está fazendo um bom desconto, mas acaba caindo nesse golpe e a empresa simplesmente desaparece depois”, afirma.

    Por último, Amorim cita como uma situação comum de golpes com o Pix os falsos investimentos, em que o criminoso aborda a vítima oferecendo uma oportunidade de, por exemplo, o dinheiro render em uma aplicação, que acaba nunca acontecendo.

    “Precisa ter a mínima desconfiança toda vez que você for usar dinheiro. O Pix, por conta desse caráter instantâneo dele, vai realmente trazer golpes que vão explorar esse mecanismo de instantaneidade, aquilo que é imperdível ou que você vai perder uma grande oportunidade”, destaca a especialista.

    Como se prevenir dos golpes

    Nos casos de roubo de identidade, em que o golpista se apresenta como um parente ou amigo da vítima, a especialista ressalta a importância de confirmação direta por outro canal com a pessoa que esta solicitando o dinheiro.

    “Eles [golpistas] são muito intimistas e te fazem acreditar que realmente são um parente. Então, toda vez que receber esse tipo de solicitação não faça nenhuma transação enquanto você não conseguir falar diretamente com a pessoa que está pedindo o dinheiro”, explica.

    Já nos golpes de comércio eletrônico, a recomendação é sempre desconfiar de um produto barato demais e de empresas que você não conhece.  

    “Por exemplo, uma rede de hotéis fechou e anunciou a venda de lençóis de 500 mil fios por um preço baratíssimo. A pessoa vai lá, faz a compra e cai no golpe, porque não existe a empresa, não existem os lençóis e ela fez o pagamento com Pix, então essas contas para serem rastreadas é muito difícil“, cita Amorim.

    A mulher também explica que existem ferramentas para rastrear essas transações, como o Mecanismo Especial de Devolução (MED) do Banco Central, mas nem sempre o valor é recuperado.

    “O MED tem que ser acionado imediatamente após o golpe, e então o banco vai abrir um procedimento interno para rastrear o caminho que esse dinheiro teve. Em alguns casos há o estorno, mas como a movimentação costuma ser muito rápida, às vezes não tem a recuperação integral desse valor”, afirma.

    “O consumidor precisa se certificar por outros meios de que essa medida é urgente ou se esse benefício é verdadeiro antes de fazer a operação”.

    Cai em um golpe com Pix, e agora?  

    Caso a pessoa caia em um golpe com Pix, a primeira indicação da especialista é comunicar o banco de origem do ocorrido para ser possível rastrear qual o caminho que o dinheiro tomou.

    Nos casos em que a identidade da pessoa foi roubada, Amorim recomenda contatar a rede social em questão para fazerem uma intervenção na conta e não ter o risco de ampliar esse vazamento para outras plataformas.

    Se a intervenção ocorreu por outro canal, como telefone, será necessário contatar a operadora para relatar que o aparelho foi clonado e  para que as devidas providências sejam tomadas. 

    “É importante ativar os critérios de segurança que as próprias detentoras desses mecanismos oferecem, como a autenticação em dois níveis com biometria, e procurar proteger o máximo possível as suas redes para evitar, ou pelo menos dificultar, o processo de invasão e roubo de identidade de alguma forma”, ressalta.  

    Veja também: BC prevê Pix em pedágios, transporte público e transações internacionais

    *Sob supervisão de Gabriel Bosa 

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